Há mais dezoito militares do 127º curso de Comandos que estão fora da formação. Metade desistiu (fazendo subir o número de abandonos para os 26) e outra metade foi “eliminada”.
Neste momento, dos 67 militares que faziam parte do curso em que morreram dois elementos — Hugo Abreu e Dylan Araújo da Silva –, no início de setembro, sobram apenas 30 militares.
A informação foi avançada pelo Exército esta segunda-feira. Em comunicado, o gabinete de Relações Púbicas faz o balanço de menos de um mês de formação.
Informa-se que, aos 17 militares (1 Oficial, 4 Sargentos e 12 Soldados) do 127º Curso de Comandos que desistiram até 15 de setembro de 2016, cuja informação já tinha sido veiculada, desistiram mais 9 militares (1 Oficial e 8 Soldados) e foram eliminados 9 militares (1 Oficial e 8 Soldados).
Ao Observador, fonte do Exército esclarece que as expulsões dos nove militares se deveram a uma “incapacidade” para realizar uma prova do curso. Os militares “não apresentaram condições para completar a prova”, refere a mesma fonte. Não fica, para já, claro se se tratou de uma incapacidade de natureza física ou técnica. Estas eliminações não acarretam custos para os nove militares — apesar de haver situações em que os elementos afastados têm de indemnizar o Exército, em função dos motivos que estiveram na origem da sua expulsão (por exemplo, por terem sido detetados com substâncias proibidas na sua posse, o que não foi o caso).
O 127º curso de Comandos esteve suspenso entre os dias 8 e 15 de setembro. Os militares que integravam a formação de Comandos foram sujeitos a exames médicos depois de dois dos elementos terem começado por manifestar mal-estar durante os exercícios a que foram sujeitos, logo no segundo dia de exercícios.
Um dos militares, Hugo Abreu, morreu nesse mesmo dia. Dylan da Silva acabaria por morrer cinco dias mais tarde, a 10 de setembro.
Quando a formação foi retomada, 17 militares anunciaram a sua intenção de abandonar o curso. O Exército informou, na altura, que regressariam todos às unidades de que tinham saído para integrar o 127º curso.
MP não constituiu arguidos
Neste momento, correm várias investigações à morte dos dois militares.
O Exército instaurou dois processos. Na primeira dessas investigações, pretende-se “apurar, com rigor e transparência, as circunstâncias em que ocorreram as mortes dos dois militares e a eventual existência de indícios de responsabilidade disciplinar imputável a qualquer militar”.
Nesse âmbito, o Exército pediu ao INEM — que transportou os militares até ao hospital — e aos hospitais do Barreiro e Curry Cabral os relatórios de internamento dos dois instruendos, por serem “indispensáveis à continuidade das diligências da instrução”. Quando os relatórios das autópsias tiverem sido concluídos, o Exército também vai juntar a informação ao relatório que está a preparar. Esses dados vão ser analisados pelos responsáveis pela investigação e poderão servir para introduzir mudanças nas provas de seleção ou na própria formação dos militares.
Há também uma Inspeção Técnica Extraordinária a correr. Servirá para avaliar “o processo de seleção para a frequência do curso e referenciais” da preparação de militares para a conquista da boina vermelha. Não há datas para a investigação estar concluída, mas o Exército admite que “devido à complexidade do processo, prevê-se que o relatório final da inspeção esteja concluído até ao final do corrente ano”.
Também o Ministério Público tenta apurar responsabilidades nas duas mortes. O Exército sublinha que “continua a prestar toda a colaboração que lhe é solicitada pelo Ministério Público e pela Polícia Judiciária Militar, no âmbito do processo de inquérito que foi instaurado”. Até ao momento, não foram constituídos arguidos.
E também não houve qualquer militar afastado das suas funções. “Não tendo sido constituído como arguido qualquer militar, não existe fundamento para a suspensão de funções de qualquer dos elementos que integram as equipas de instrutores do 127º Curso de Comandos”, refere o Exército, numa comunicação divulgada na noite desta segunda-feira.