Marta Temido avança para o Parlamento Europeu quando se falava nela para a Câmara de Lisboa. Sebastião Bugalho segue o mesmo caminho quando se começa a falar na sua ambição política futura (liderar o PSD?). Por isso mesmo ambos entram na corrida a prometer que o mandato se preparam para assumir é para cumprir até ao fim. E a sacudir desta corrida o peso de uma segunda volta das legislativas que deixou AD e PS praticamente empatados.

Mas não se trata de uma sintonia, até porque a frase do cabeça de lista da AD às Europeias a prometer isso mesmo, aparece logo com um desafio que traz Temido nas entrelinhas: “Deixo desde já o compromisso de que cumprirei o meu mandato. Espero que os meus opositores possam deixar o mesmo compromisso feito“. Antes dele, logo de manhã, também à porta do Tribunal Constitucional (onde foi dia de entregar as candidaturas), a rival socialista tinha dito não ter planos no sentido de saltar a meio do mandato europeu para outras aventuras, até porque no seu caso existia um que era falado no PS.

Questionada mais diretamente sobre a Câmara de Lisboa — chegou assumir publicamente que gostava de ser autarca –, Temido respondeu que o “que disse foi que entendia que na vida das cidades se jogam muitos dos grandes desafios do nosso tempo e tendo um passado de funções executivas, esse projeto tinha alguma sedução, mas isso não significa mais do que as palavras querem dizer. É uma apreciação e não um compromisso com um projeto”, assegurou apontando agora para o Parlamento Europeu.

Outro projeto parece ficar agora no congelador, com a socialista a dizer que “é só essa a resposta” que pode dar “neste momento”. “O projeto europeu é um projeto demasiado importante e tem-se falado também bastante sobre isso, que precisa de ser de alguma forma rentabilizado em termos da presença de um eurodeputado para se pensar nessa possibilidade”, respondeu.

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Já Bugalho e um eventual projeto de liderança no futuro — até porque se comparou com ex-líderes do PSD no seu discurso de abertura, no domingo –, o candidato garante que o que quis ilustrar com esses exemplos não foi uma comparação, mas apenas “partilhar o sonho  não as ambições”. O “sonho” europeu, não as “ambições” de liderança.

Sobre o que o que os leva ao Parlamento Europeu, os dois cabeças de lista voltam a aparecer alinhados com Temido comprometida com “uma atitude proativa” e Bugalho em “defender os portugueses na Europa e a Europa no mundo”. “Acreditamos mais na nossa visão da Europa no que na dos socialistas”, atirou sem surpresas, revelando que apresentará manifesto eleitoral na semana do dia da Europa (9 de maio).

Os dois também rejeitam misturas entre este acto eleitoral e as últimas legislativas. “Ninguém vem acertar contas com ninguém”, garantiu Sebastião Bugalho que diz não ter “nenhum medo ou preocupação” e nem em estar “minimamente preocupado em enfrentar o PS”. Já Temido também se mostrou convencida de que os “portugueses vão conseguir entender que esta é uma disputa diferente” e “muito importante”.

Tiros também ao mesmo alvo

Pelo caminho voltam a alinhar noutra frente, a da crítica (mais ou menos comedida) ao Presidente da República, numa semana de frases polémicas. Sebastião Bugalho estava a evitar essa frente, refugiando-se na candidatura europeia que agora assumiu e no fim da carreira de comentador televisivo. Mas quando foi confrontado com a “improvisação” que Marcelo disse ser a sua candidatura, no jantar com jornalistas correspondentes em Portugal, Bugalho não resistiu: “Não tenho nada contra os improvisos e o Presidente da República não tem nada contra os improvisos, ele é o improviso por excelência todos os dias.” E até deixou mais uma tirada, já no final da entrega das listas e quando tirou a foto de família (dos candidatos) à porta do Constitucional, ao dizer em tom de desafio: “Agora ponham #improviso”.

Já Temido falou mais concretamente do tema da reparação das antigas colónias, para dizer que “são temas demasiado sensíveis para se poderem falar en passant, para se tratarem no contexto leve ligeiro de uma declaração de circunstância”. A socialista considerou mesmo que “isso até é desrespeitar aquilo que é a história e o envolvimento de todas as partes num processo histórico”. Uma crítica ao Presidente da República? “Não é uma crítica, é uma observação”, respondeu antes de ir embora.