A unidade de tratamento de dependências das Forças Armadas atendeu, em 2015, metade dos doentes a quem, em média, presta assistência, o que se deveu à carência de meios humanos cuja resolução ainda não é conhecida.
De acordo com a diretora da Unidade de Tratamento Intensivo de Toxicodependência e Alcoolismo (UTITA), pertencente ao Hospital das Forças Armadas, Maria Halpern Diniz, existe “uma grande carência ao nível de quadro, tanto a nível de pessoal militar como civil”.
O quadro é composto por 29 funcionários, mas faltam 21. As falhas vão sendo colmatadas ao nível das prestações de serviços, algumas das quais com 18 anos.
“Trabalhamos graças à boa vontade dos profissionais que cá estão e acho que nada tem faltado aos utentes”, disse aos jornalistas Maria Halpern Diniz, no final de uma visita do ministro da Saúde e da bastonária da Ordem dos Farmacêuticos a esta unidade.
Em parte, devido a esta carência de meios humanos, a UTITA recebeu em internamento 27 doentes, quando em média são internados por ano 49.
Presente na cerimónia, o Chefe de Estado-Maior general das Forças Armadas, Artur Neves Pina Monteiro, disse que “a prestação de serviços é uma forma de colmatar faltas e vai continuar a ser”.
Questionado sobre a razão para não serem contratados mais profissionais, o CEMGFA respondeu com a falta de recursos que “afetam as Forças Armadas”.
“Não podemos dar resposta a tudo, temos prioridades”, disse, acrescentando que “está em curso um processo concursal que segue os seus trâmites legais”.
O álcool, nas faixas etárias mais elevadas, e as substâncias tóxicas, nos mais novos, são as principais dependências que chegam à UTITA.
Por ter sido criada no âmbito da Marinha, à UTITA continuam a chegar muitos militares deste ramo das Forças Armadas, mas também provenientes das forças de segurança (GNR e PSP) e civis.
Para Maria Halpern Diniz “as consequências de um consumo a nível militar podem ser mais complicadas” do que em outras profissões.
“O ónus está na saúde, mas vai interferir no desempenho das suas funções, coloca em causa a segurança militar e afeta o cumprimento das missões”, adiantou.
Isso mesmo afirmou o Chefe de Estado Maior general das Forças Armadas, para quem “estas situações têm no âmbito militar uma outra dimensão mais critica, porque afeta a segurança militar”.
No final da cerimónia, o ministro da Saúde manifestou-se “bem impressionado com esta boa experiencia da família militar”.
“Iremos fazer tudo para que os utentes civis possam de alguma forma usufruir deste serviço”, disse.