O especialista em medicina interna Armando Carvalho alertou esta quarta-feira que, dentro de algum tempo, a obesidade pode ser a principal causa de doença do fígado.

“O grande consumo de açúcar que se verifica será responsável pelo problema do fígado gordo não alcoólico, que afeta 20% da população portuguesa e que pode evoluir para doenças graves”, disse o médico do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC).

Armando Carvalho, que é diretor do serviço de Medicina Interna A do CHUC, falava à agência Lusa a propósito das X Jornadas do Núcleo de Estudo de Doenças do Fígado, que decorrem na sexta-feira e no sábado, em Coimbra.

Segundo o especialista, as doenças hepáticas são uma causa muito importante de doença em Portugal, apesar de serem uma área que “não tem merecido tanto atenção como, por exemplo, as cardiovasculares”.

O diretor do serviço de Medicina Interna A do CHUC e professor universitário em Coimbra defendeu um plano nacional para as doenças do fígado, que envolvesse as várias causas.

Relativamente às hepatites B e C, que são uma causa importante de morte e de indicação para transplante hepático, Armando Carvalho diz que atualmente existe tratamento eficaz para estas doenças.

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“A terapêutica atual permite o controlo da hepatite B e a cura da hepatite C em mais de 95% dos casos, pelo que a curto prazo estas doenças terão um impacto muito menor na saúde”, sublinhou.

A doença hepática alcoólica, que é a principal causa de cirrose, vai ser outro dos temas abordados abordado nas X Jornadas do Núcleo de Estudo de Doenças do Fígado, em que são esperados mais de uma centena de especialistas de medicina interna na área da hepatologia.

A cirrose hepática e o estádio avançado das doenças hepáticas crónicas também vão ser discutidos na sua vertente de doença sistémica, sendo abordadas algumas manifestações noutros órgãos ou sistemas (cérebro, pulmão, rim, coagulação).