Vasco Cordeiro, o líder do PS Açores, falou numa “grande vitória”. O primeiro-ministro António Costa defendeu o “reconhecimento da excelência da governação do PS Açores”. Assunção Cristas e Catarina Martins também estavam satisfeitas com os resultados do CDS e do Bloco de Esquerda. Já o líder do PSD, Passos Coelho, lamentou não ser uma “noite de festa” para o PSD. Os diferentes estados de alma prenderam-se com os resultados das eleições regionais que se realizaram este domingo nos Açores. O Partido Socialista renovou a maioria absoluta nos Açores (30 deputados), a quarta nas últimas cinco eleições. O PSD elegeu 19 deputados, o CDS PP quatro, o Bloco dois e, finalmente, a CDU e o Partido Popular Monárquico garantiram apenas um.

Vasco Cordeiro: “É uma grande vitoria do partido socialista”

O grande vencedor da noite estava eufórico e sorridente. “É uma grande vitória do Partido Socialista”, disse Vasco Cordeiro, o líder do PS Açores. “Ao fim de quatro anos, o Partido Socialista mantém a representação em todas as ilhas da nossa região. Desse ponto de vista, o objetivo está plenamente alcançado. A abstenção (59,16%) diz respeito a toda a sociedade. É tempo de todos chegarmos à conclusão de que é preciso refletir muito a sério.”

António Costa: “Não faço leituras nacionais de eleições regionais”

“Este resultado é certamente o reconhecimento da excelência da governação do PS Açores e do dr. Vasco Cordeiro, mas também o conjunto da governação do PS Açores nos últimos 20 anos”, começou por dizer o primeiro-ministro. “Os Açores conheceram um crescimento económico impar, dez vezes superiores à média nacional.”

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E continuou: “Esta vitória é também uma vitória da autonomia cooperativa, que soube reforçar a autonomia regional. Os Açores são para o país uma posição estratégica da maior importância. São os Açores que asseguram a profundidade atlântica, que nos permite ter uma das maiores plataformas continentais do mundo.”

António Costa disse ainda que não faz “leituras nacionais de eleições regionais”, pois estas “foram umas eleições dos açorianos”. Quanto à alta abstenção, o primeiro-ministro afirmou que esse facto “em nada diminuiu o resultado do PS”.

Pedro Passos Coelho: “Os açorianos escolheram a continuidade”

O líder do Partido Social Democrático fez esta noite uma curta declaração em resposta ao resultado das eleições regionais dos Açores, não dando abertura a perguntas dos jornalistas. “Os açorianos escolheram a continuidade, quero por isso cumprimentar o Partido Socialista”, começou por dizer o ex-primeiro-ministro. “Lamento que hoje não seja para o PSD uma noite de festa eleitoral, mas tenho a certeza que é grande a convicção do PSD na autonomia regional.”

E adicionou: “Temos de ter os olhos postos no futuro. O PSD continua a ser um grande partido de implantação regional, que acredita na autonomia regional e que se irá bater por um futuro melhor nos Açores”.

Duarte Freitas: “Acreditamos e vamos continuar a lutar por essa alternativa”

O líder do PSD Açores foi um dos derrotados da noite e estava resignado. “Vamos continuar a lutar como sempre o fizemos na Assembleia Regional, junto da sociedade civil. O Partido Socialista foi o partido mais votado, é o partido vencedor destas eleições. Temos uma visão e projeto diferentes para os Açores e açorianos. Acreditamos e vamos continuar a lutar por essa alternativa, é assim a Democracia. Nós, militantes do PSD, assumiremos as responsabilidades para com quem nos atribuiu o mandato.” À imagem de Passos Coelho, também Duarte Freitas não quis responder às perguntas dos jornalistas.

Assunção Cristas: “O CDS teve mais votos do que o PCP e Bloco de Esquerda juntos”

A líder do CDS PP chegou à conferência de imprensa sorridente e satisfeita com o desfecho das eleições regionais nos Açores. “Estamos muito satisfeitos por este resultado, saudamos o presidente do CDS Açores, Artur Lima. O CDS cresceu em votos, em percentagem, em mandatos, temos um grupo parlamentar maior, cresceu em ilhas em que governamos a nível autárquico, como é o caso de São Jorge. Reforçámos a nossa posição como terceira força política a nível regional.”

Assunção Cristas referiu ainda que o CDS foi o “único” partido que cresceu em votos e percentagem. “O CDS teve mais votos do que o PCP e Bloco de Esquerda juntos. O CDS, mais uma vez, teve um resultado muito superior ao que lhe era previsto nas sondagens. Tivemos quatro deputados eleitos, é um ótimo resultado para continuarmos a trabalhar.”

Catarina Martins: “O bloco de esquerda conseguiu um resultado histórico”

A líder do Bloco de Esquerda repetiu a expressão “resultado histórico”, referindo que esta foi “a primeira vez” que o partido elegeu diretamente pelo círculo eleitoral da ilha de São Miguel. “Temos agora um grupo parlamentar, duplicamos a nossa presença na Assembleia Legislativa Regional dos Açores. E julgamos, por isso, que o nosso objetivo principal foi alcançado. O trabalho foi recompensado com o resultado eleitoral histórico.”

O segundo objetivo do Bloco, no entanto, ficou pelo caminho. “Não o alcançámos, o Partido Socialista mantém a maioria absoluta. Achamos que seria melhor para a região autónoma dos Açores que essa não fosse a realidade. (…) Não se devem fazer leituras nacionais. Nenhum partido é dono dos votos. O Bloco teve a confiança de mais eleitores. Estamos muito orgulhosos.”

Jerónimo de Sousa: “Maioria absoluta empobrece a vida democrática regional”

O secretário-geral do Partido Comunista Português, ainda antes mesmo da confirmação dos resultados finais, lamentou a maioria absoluta do Partido Socialista e acusou o mesmo de condicionar a campanha eleitoral. “As eleições regionais ficam marcadas pela provável maioria absoluta do PS. O resultado não é separável da intensa campanha de condicionamento eleitoral. O prolongamento da maioria absoluta empobrece a vida democrática regional, assim como constitui um obstáculo à concretização de medidas e decisões que correspondam às aspirações e direitos dos trabalhadores açorianos.”

Jerónimo de Sousa defendeu que a abstenção “constituiu prova da crescente desilusão e descrença dos açorianos face a anos e anos de governação de PSD e PS”. O líder comunista salientou ainda o facto de o seu partido ter sido a primeira força política na ilha das Flores.