A Procuradoria Provincial de Maputo abriu um processo de instrução ao caso da evasão da cadeia de um indivíduo indiciado pelo homicídio do magistrado Marcelino Vilanculos, ocorrido em abril na Matola, arredores de Maputo.

Segundo um comunicado enviado à Lusa pela Procuradoria-Geral da República (PGR), o individuo fugiu “em circunstâncias pouco claras” do Estabelecimento Penitenciário Prisional da Província de Maputo, na noite de 24 de outubro.

“Por haver indícios de se ter cometido o crime de retirada de preso”, adianta a PGR, foi instaurado um processo de instrução preparatória, “para averiguar e apurar as circunstâncias da referida evasão e consequente responsabilização dos potenciais envolvidos na matéria”.

O evadido é um dos três indiciados pelo “bárbaro assassínio” do magistrado e que foram detidos nas celas dos Estabelecimentos Prisionais da Província de Maputo, Máxima Segurança, e respetiva extensão, no Comando da Cidade de Maputo, refere ainda a PGR, acrescentando que o caso foi remetido a juízo, encontrando-se na fase de instrução contraditória.

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Marcelino Vilanculos, magistrado do Ministério Publico afeto à Cidade de Maputo, foi assassinado a tiro a 11 de abril, quando se dirigia de carro para casa no bairro Tsalala, na cidade da Matola.

Segundo a imprensa moçambicana, Vilanculos tinha a seu cargo as investigações em torno de raptos em que supostamente está envolvido Danish Satar, sobrinho de Nini Satar, por sua vez em liberdade condicional após ter cumprido pena por envolvimento no homicídio, em 2000, do jornalista Carlos Cardoso.

As autoridades nunca assumiram, porém, a ligação entre os dois casos, avisando que era preciso esperar pelo resultado das investigações.

No funeral do magistrado, Amélia Machava, procuradora-chefe da Cidade de Maputo, afirmou que Marcelino Vilanculos sabia que podia sofrer um atentado, recordando uma conversa em que este alertara para os riscos que correm os profissionais da justiça.

“Nós vamos morrer assim: crivados de balas e em plena via pública, nas nossas viaturas”, declarou Amélia Machava, citando Marcelino Vilanculos.

Marcelino Vilanculos tinha 40 anos e mais de dez de carreira como magistrado, era membro do Conselho Superior de Magistratura do Ministério Público, além de exercer funções na 6.ª secção criminal do Tribunal Judicial da Cidade de Maputo