A manifestação “Salvar o clima, parar o petróleo” juntou neste sábado mais de 200 pessoas no Largo Camões, em Lisboa, com os participantes a desfilarem até ao Intendente exigindo que o Governo impeça a exploração de hidrocarbonetos em Portugal. “O combate às alterações climáticas é global. E a preocupação é crescente, já que vimos Donald Trump a ganhar as eleições nos Estados Unidos (EUA) depois de ter declarado guerra ao planeta. Lutar contra o aquecimento global é uma obrigação de todos”, afirmou à Lusa Jorge Costa, deputado do Bloco de Esquerda (BE) que participou na ação de protesto.

Já André Silva, deputado do PAN (Pessoas-Animais-Natureza), considerou que a aposta na extração de petróleo em Portugal “não faz sentido, muito menos, após a assinatura do Acordo de Paris”, acrescentando que o Governo assumiu o compromisso com a descarbonização pelo que não pode insistir no consumo de petróleo, nem na extração em Portugal”. E realçou: “Queremos a revogação dos contratos de pesquisa e exploração de petróleo. Devemos abandonar o consumo e travar a exploração”.

Os manifestantes empunhavam cartazes onde se liam ‘slogans’ como “nem um furo, nem agora, nem no futuro” ou “surf e petróleo não são compatíveis” e entoavam palavras de ordem como “negociar o quê, não há planeta B”, com o desfile a ser animado por músicos que tocavam tambores e gaita-de-foles.

Entre os muitos participantes anónimos, viam-se algumas caras conhecidas como Luís Fazenda, professor e antigo deputado do BE, que explicou os motivos que o levaram a juntar-se a esta iniciativa. “O Acordo de Paris ainda é insuficiente para travar o aquecimento global. A vitória de Trump torna tudo ainda pior. Estamos aqui para dizer que não queremos exploração de petróleo em Portugal. O futuro são as energias renováveis”, lançou.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Uma ideia partilhada por Susana Lavado, outra das manifestantes ouvidas pela Lusa, que pediu uma “aposta séria nas energias renováveis”.

Outro manifestante, Pedro Carloto, criticou a aposta na exploração de petróleo em Portugal, uma vez que a mesma “só traria benefícios [económicos] daqui a 10 ou 15 anos”. Mas, acrescentou, nessa altura é de esperar que o mundo tenha já conseguido reduzir a sua dependência energética do ‘ouro negro’, pelo que “mais vale apostar forte nas renováveis para ter uma vantagem competitiva quando estas energias forem as predominantes a nível mundial”.

Samuel Infante, da Quercus, a maior organização ambiental portuguesa, salientou que o protesto de hoje na capital portuguesa – e que também se realizou no Porto em simultâneo – acontece na altura em que decorre a Conferência do Clima das Nações Unidas (COP22) em Marraquexe, Marrocos, e que o grande objetivo é alertas a população e as autoridades para os perigos do petróleo.

“Temos que apostar nas renováveis e travar as alterações climáticas. Não faz sentido explorar petróleo em Portugal”, sintetizou o ambientalista, que referiu ainda acreditar ser possível reverter este processo. “Ainda não é tarde e há alguma abertura política. Tem que continuar a haver uma grande mobilização da sociedade civil contra a exploração de petróleo em Portugal”, argumentou.

Já Tiago Castelhano, membro do partido MAS – Movimento Alternativa Socialista, destacou que “os combustíveis fósseis são um dos problemas que levam ao aquecimento global, pelo que estamos aqui a exigir ao Governo que faça um ‘stop’ à exploração de petróleo”.

A manifestação “Salvar o clima, parar o petróleo” foi convocada por vários movimentos, associações e partidos, decorrendo em simultâneo em Lisboa e no Porto com o objetivo de exigir por parte do Governo uma resposta séria às alterações climáticas e a recusa da exploração de hidrocarbonetos em Portugal, isto, numa altura em que decorre a Conferência do Clima das Nações Unidas (COP22) em Marrocos.