A China tem reforçado o seu investimento no mercado português, com energia, banca e seguros no topo das preferências, mas os media também são alvo de interesse, com a entrada da KNJ na Global Media. Ainda assim, as exportações de bens portugueses para a China caíram 25,1% nos primeiros nove meses do ano, face ao período homólogo de 2015, para 483,8 milhões de euros, de acordo com os dados do INE.

As empresas chinesas aproveitaram a ‘onda’ de privatizações em Portugal para reforçarem a sua presença, já que o país serve de porta de entrada para Europa e para os países de língua oficial portuguesa, isto sem falar na corrida às concessões de vistos ‘gold’.

O primeiro Fórum Económico Portugal-China, organizado pela Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa e pela Fundação AIP, arranca na terça-feira, em Lisboa, e tem como objetivo fortalecer a interação entre empresas e instituições dos países.

A primeira privatização a arrancar, durante o governo de Pedro Passos Coelho, foi a da EDP, em dezembro de 2011, com o anúncio da venda de 21,35% da elétrica portuguesa à China Three Gorges, por 2,69 mil milhões de euros. Em fevereiro de 2012, foi a vez da venda da REN, com os chineses da State Grid a ficarem com 25% do capital, pagando 387 milhões de euros pela posição na empresa gestora das redes energéticas nacionais.

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Posteriormente, a chinesa Fosun comprou a seguradora Fidelidade e a Espírito Santo Saúde, estando atualmente a negociar a compra de 16,7% do capital do BCP, podendo reforçar depois a sua posição no banco para entre 20% a 30%, dependendo das limitações de votos dos estatutos. O ano passado, o Haitong Bank concluiu a compra do banco de investimento português BESI. Em outubro, o grupo de Macau KNJ Investment Limited, fundado em 2012, assinou um memorando de entendimento com a Global Media, que prevê que a empresa macaense passe a controlar 30% da dona do Diário de Notícias (DN) e da TSF, entre outros títulos, através de uma injeção de capital de 17,5 milhões de euros.

Com a concretização da operação, prevista para 2017, a macaense KNJ tornar-se-á na maior acionista da dona do DN. Entre outros investimentos chineses em Portugal, destaca-se a inauguração, em fevereiro de 2012, do centro tecnológico da Huawei (empresa de telecomunicações) em Lisboa, que representou um investimento de 10 milhões de euros, que se juntou aos 40 milhões de euros que a multinacional chinesa tinha investido no mercado português.

Além disso, no início de 2012 o Banco Internacional e Comercial da China (ICBC) abriu o seu primeiro escritório em Portugal, mais precisamente em Lisboa. Um ano depois, foi a vez do Bank of China escolher a capital portuguesa para abrir um escritório e um balcão de atendimento. Também o setor imobiliário é uma aposta da China, com os chineses a liderarem, por nacionalidades, os vistos ‘gold’ em Portugal.

Desde que o programa dos vistos dourados arrancou, a 8 de outubro de 2012, até final de outubro, 2.926 investidores chineses tinham obtido Autorização de Residência para atividade de Investimento (ARI), segundo dados do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF). No mês passado, o primeiro-ministro, António Costa, realizou uma visita oficial à República Popular da China.

No que diz respeito às importações para a China, estas subiram 1,3% para 1.358,4 milhões de euros, com o saldo da balança comercial negativo para Portugal em 874,5 milhões de euros, segundo informação do Instituto Nacional de Estatística (INE). No final de setembro, Pequim era o 11.º cliente de Lisboa e o seu sétimo fornecedor. No ano passado, havia 1.356 empresas exportadoras para o mercado chinês, mais 170 do que em 2014, altura em que Portugal era o 71.º cliente de Pequim e o seu 66.º fornecedor.

Entre os principais grupos de produtos vendidos a Pequim em 2015, os veículos e outros materiais de transporte lideravam a lista (com um peso de 41,9% das exportações daquele ano), seguido dos minerais e minérios (18,1%), máquinas e aparelhos (8,9%), pastas celulósicas e papel (7%) e alimentares (4,1%). No ano passado, as vendas de veículos e outros materiais de transporte caíram 20,1% (para 351,8 milhões de euros), enquanto as de minerais e minérios subiram (14,3% para 152,1 milhões de euros).

As exportações de pastas celulósicas e papel para o mercado chinês aumentaram em 2015 17,4%, face a 2014, para 59 milhões de euros, e as de grupos de produtos alimentares mais do que duplicaram (161,1%) para 34,3 milhões de euros. Do lado das importações de grupos de produtos da China, as máquinas e aparelhos tinham um peso de 34,1% no total das compras àquele mercado asiático, seguindo-se os metais comuns (11,9%), químicos (7,1%), matérias têxteis (6,4%) e o vestuário (5,7%).

Em 2015, as compras a Pequim de máquinas e aparelhos subiram 8,7% (para 607 milhões de euros), as de metais comuns aumentaram 16% (para 211,3 milhões de euros) e as de químicos avançaram 26,7% (para 126 milhões de euros). As importações de matérias têxteis recuaram 5,1% (para 113,2 milhões de euros) e as de vestuário diminuíram 3,2% (101,8 milhões de euros). As exportações de serviços de Lisboa para Pequim recuaram 33,2% em 2015, face ao ano anterior, para 108,5 milhões de euros, e as importações aumentaram 9,4% para 262,4 milhões de euros, o que representa um saldo comercial negativo para Portugal em 153,9 milhões de euros.