Anne Frank tornou-se um dos rostos mais reconhecidos das vítimas do regime nazi. Durante cerca de dois anos, a adolescente e a família de origem judaica viveram escondidos num exíguo apartamento na cidade holandesa de Amesterdão, sabendo que qualquer passo em falso seria fatal. O esforço seria em vão: a 4 de agosto de 1944, as autoridades descobriram o esconderijo e prenderam todos os residentes. Dos oito detidos, sete acabariam por morrer em campos de concentração, incluindo Anne. Durante anos, Otto Frank, o pai da adolescente e o único sobrevivente do grupo, tentou descobrir quem teria traído a família, denunciando o local onde se encontrava. Agora, um grupo de investigadores parece sugerir outra teoria: afinal, os agentes podem ter descoberto o local por pura coincidência.

A investigação é da autoria do próprio Museu Anne Frank e mereceu o destaque do The Washington Post. Ainda que não afastem categoricamente a hipótese de a família ter sido traída por algum informador ao serviço do regime, como tem sido defendido com maior insistência, os investigadores acreditam que as autoridades nazis encontraram a família de Anne Frank de forma completamente fortuita.

Na verdade, quando entraram no número 263 da Prinsengracht, as secretas alemãs podiam estar a investigar um caso de trabalho ilegal ou de fraude envolvendo cupões de racionamento. “Nas atividades diárias, os investigadores [da divisão de Haia] frequentemente encontravam esconderijos de judeus por acaso”, pode ler-se no estudo.

Anne Frank morreu no campo de concentração alemão Bergen-Belsen aos 15 anos. O diário que escreveu antes da prisão e deportação, onde retrata o terror que viveu durante aqueles anos, tornou-se um dos relatos mais marcantes sobre esse período.

O pai de Anne, Otto Frank, sugeriu sempre que a família tinha sido traída, apontando alguns possíveis responsáveis e influenciado durante décadas as investigações dos historiadores. O estudo agora divulgado vem acrescentar uma nova perspetiva histórica.

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