O deputado independente socialista Paulo Trigo Pereira sugeriu, esta quinta-feira, uma moção de confiança, mas o presidente do PS contrapôs que, a haver dúvidas sobre a solidez do Governo, PSD e CDS-PP que apresentem uma moção de censura.

De acordo com fontes da bancada socialista contactadas pela agência Lusa, esta troca de posições entre o líder da bancada do PS e o professor universitário registou-se na reunião do final da manhã do grupo parlamentar do PS.

Na reunião, Paulo Trigo Pereira considerou que, nos últimos meses, dentro da maioria parlamentar de esquerda que suporta o Governo na Assembleia da República, registaram-se já “dois eventos com alguma gravidade”.

O primeiro, segundo o economista, teve lugar quando o Bloco de Esquerda votou ao lado do PSD e do CDS-PP no sentido de reaplicar o estatuto de gestor público – episódio que disse ter sido “a gota de água” para a demissão da anterior administração da Caixa Geral de Depósitos liderada por António Domingues.

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O segundo episódio, de acordo com Paulo Trigo Pereira, relaciona-se com o atual pedido de apreciação parlamentar pelo Bloco de Esquerda e PCP do decreto do Governo que estabelece a descida da Taxa Social Única (TSU) em 1,25% para os empregadores, como compensação pelo aumento do salário mínimo para 557 euros.

Ora, para o deputado independente da bancada socialista, “a haver um terceiro evento com idêntica gravidade”, o PS deve ponderar a apresentação de uma moção de confiança ao Governo.

Segundo as mesmas fontes contactadas pela agência Lusa, o presidente do PS respondeu pouco depois.

De acordo com Carlos César, se o PSD e o CDS-PP “têm dúvidas sobre a solidez do Governo, então que apresentem uma moção de censura”.

Na reunião da bancada do PS, Paulo Trigo Pereira foi também foco de polémica após defender a possibilidade de os socialistas aceitarem a transferência de alguns feriados nacionais para dias úteis encostados aos fins-de-semana, segundas e sextas-feiras, tal como propõe o PSD.

Uma ideia contestada por vários deputados socialistas, dando como exemplo de que seria inaceitável passar a gozar o feriado da revolução republicana, não a 5 de Outubro, mas somente no dia 6 ou 7 desse mês.