Angola tinha em circulação, em maio, 438.709 milhões de kwanzas (equivalente a 2.310 milhões de euros) em notas e moedas, a primeira subida, de quatro por cento, em vários meses.

De acordo com dados do Banco Nacional de Angola (BNA) sobre a Base Monetária Ampla do país, a que a Lusa teve acesso, entre abril e maio foram colocados em circulação (física) no país mais 16.535 milhões de kwanzas (87 milhões de euros).

Desde janeiro, quando o dólar atingiu valores máximos do ano, o BNA já retirou de circulação quase 60.000 milhões de kwanzas (317 milhões de euros), numa estratégia de valorização da moeda nacional.

Em simultâneo, é cada vez mais habitual assistir a caixas da rede interbancária angolana (multibanco) sem notas disponíveis para levantamento.

Em abril, o volume de kwanzas em circulação atingiu o valor mais baixo desde 2013, de 422.174 milhões de kwanzas (2.230 milhões de euros), tendo subido em maio pela primeira vez este ano.

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Um dos efeitos mais visíveis da descida do número de notas e moedas em circulação desde janeiro, conforme a Lusa constatou em habituais rondas pelas ruas de Luanda, é a subida do valor do kwanza, travando a valorização do dólar norte-americano no mercado paralelo, ilegal, mas também a única solução para quem tenta, sem sucesso, aceder a divisas nos bancos.

Depois de máximos de 500 kwanzas (2,70 euros) por cada dólar, nos primeiros dias do ano, comprar a nota norte-americana desceu, após quedas consecutivas, para cerca de 380 kwanzas (dois euros).

Temos de mudar a nossa forma de usar e de lidar com dinheiro. Nos outros países raramente se usa a nota e nós queremos andar com um milhão ou dois milhões de kwanzas num saco de notas. Temos de reduzir o uso de notas”, admitiu recentemente o governador do BNA, Valter Filipe.

No final de 2015, Angola tinha em circulação 519.588 milhões de kwanzas (2.745 milhões de euros).

O chefe da missão do Fundo Monetário Internacional (FMI) para Angola, Ricardo Velloso, admitiu recentemente que a retirada de circulação de moeda nacional é uma medida positiva, pelas repercussões no corte nas taxas de câmbio no mercado paralelo, que permanecem em mais do dobro do valor oficial.

É uma medida muito importante, que ajuda no controlo da inflação e ajuda a reduzir o diferencial entre a taxa de câmbio do mercado de rua e a taxa oficial”, destacou o chefe da missão do FMI, questionado pela Lusa.

Angola vive desde finais de 2014 uma profunda crise financeira e económica decorrente da quebra para metade nas receitas com a exportação de petróleo, tendo desvalorizado o kwanza, face ao dólar, em 23,4% em 2015 e mais 18,4% ainda no primeiro semestre de 2016.

A taxa de câmbio oficial cifra-se atualmente em cerca de 166 kwanzas (90 cêntimos de euro) por cada dólar, quando antes do início da crise das receitas do petróleo, ainda em 2014, era de 100 kwanzas.