O BPI lucrou 312 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, em termos recorrentes, informou o banco esta quinta-feira em comunicado enviado à CMVM. O resultado é uma subida de 71% face ao resultado (sem efeitos extraordinários) e contou com uma contribuição de 152 milhões de euros das operações em Portugal (mais 96 milhões do que no período comparável.

Em termos contabilísticos, o lucro “como reportado” para o período entre janeiro e setembro foi de 23 milhões de euros, um valor que leva em consideração o impacto contabilístico da venda de 2% do Banco Fomento de Angola (BFA), o que fez com que o banco deixasse de consolidar essa operação, e inclui, também, o custo do plano de rescisões por mútuo acordo e reformas antecipadas lançado em 2017. Das 900 pessoas cuja saída o plano prevê, cerca de um terço já saiu em 2016 e, das saídas previstas em 2017 cerca de metade das pessoas já saíram, mas há acordo com todas as restantes. O valor de 77 milhões registado como custo extraordinário está fechado.

O BPI conseguiu aumentar o volume de crédito a empresas em 5%, ganhou mais 8,8% com comissões e aumentou em 5,5% os recursos de clientes (depósitos e outros instrumentos). A margem financeira, um indicador-chave para o resultado operacional dos bancos, aumentou 2,2%.

Fonte: BPI

Nos primeiros nove meses do ano passado, o BPI tinha obtido 56 milhões de euros de lucros com a atividade doméstica (face aos 183 milhões dos lucros totais, que também contam com a atividade em Angola). Neste período, os lucros na atividade doméstica foi de 152 milhões de euros.

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O crédito às empresas aumentou 5% para 6.774 milhões de euros, o que confere ao BPI uma quota de 8,2%. Dois mil milhões desse total dizem respeito a empresários e negócios (o restante, 4.754 milhões, diz respeito a grandes e médias empresas). Por outro lado, o banco registou 21 milhões de euros em imparidades de crédito, um valor ainda assim muito inferior à média do setor bancário em Portugal. Foi possível, no entanto, obter 26 milhões de euros com recuperações de créditos que anteriormente haviam sido abatidos ao ativo da instituição. 14,1 milhões desses 26 milhões dizem respeito a uma única situação de recuperação.

O banco aumentou, também, ligeiramente, a carteira de crédito hipotecário — de 11.069 milhões para 11.077 milhões de euros. A melhor notícia nesta rubrica é que tem um peso cada vez maior a porção desse crédito que foi concedido com spreads mais elevados (após 2010), o que ajuda à rentabilidade do banco — mais de 3.000 milhões dos 11.077 milhões são créditos concedidos a partir de 2011.

No mercado de crédito à habitação, o presidente-executivo Pablo Forero salientou, na conferência de imprensa de apresentação dos resultados, que este é um “mercado muito competitivo” e assegurou que “o BPI não está para competir pelo preço, está a competir pelo serviço ao cliente”.

O BPI vendeu 389 imóveis que estavam na sua carteira, neste período, obtendo por essa via 48,9 milhões de euros.

“Nenhum impacto” para o BPI da saída da Catalunha

Na conferência de imprensa de apresentação dos resultados do BPI, em Lisboa, o presidente executivo, Pablo Forero comentou ainda a situação na Catalunha, garantindo que a instabilidade em Espanha e a saída da sede fiscal do Caixabank para fora de Barcelona “não terá qualquer impacto” para o BPI.

“A liquidez do BPI é a liquidez do BPI. O BPI tem um acionista mas é um banco autónomo com o seu capital, com a sua liderança, com o seu negócio, com a sua supervisão [Banco de Portugal e Banco Central Europeu]”, garantiu Pablo Forero. A instabilidade na Catalunha “não afeta o BPI” — “o que acontece com o acionista não afeta o BPI”, acrescentou Pablo Forero, recusando-se a “falar de política”.

Ainda assim, sobre política nacional, Pablo Forero foi questionado sobre a contribuição extraordinária que volta a estar prevista no próximo Orçamento do Estado: “gostava que terminasse”, mas o BPI está conformado e já registou esse pagamento nas contas.

Um dia depois da venda do Novo Banco ao fundo Lone Star, o BPI (que esteve interessado) considera que “a oportunidade está no crescimento orgânico” mas concluiu, entretanto, que o Novo Banco “não encaixava” no BPI.

No final da conferência de imprensa, o BPI lamentou os incêndios deste fim de semana e assinalou que a Fundação La Caixa vai disponibilizar mais dois milhões de euros (que se juntam ao milhão entregue na altura de Pedrógão Grande), que serão geridos em conjunto com as autoridades portuguesas.