Em 2017, foram 500 os praças que rescindiram os seus contratos. Esta é precisamente a categoria na qual o Exército tem maior défice de efetivos. “As razões mais comuns”, avança o Diário de Notícias, referidas por esses cerca de 500 praças — que correspondem a 7,1% dos 7000 voluntários e contratados do Exército nessa categoria — “são fundamentalmente de ordem económica”, segundo o porta-voz do ramo, tenente-coronel Vicente Pereira.

Desde 2015, 1580 soldados e cabos pagaram indemnizações para rescindir os contratos. O tenente-coronel sublinhou que o número de militares a deixar o Exército o ano passado “não consubstancia uma alteração significativa em relação aos anos anteriores”, já que, em 2015, houve 650 militares a rescindir contrato e, em 2016, foram 430.

Quanto às indemnizações pagas pelos soldados e cabos, que decorrem da obrigatoriedade de compensar o Exército pelos custos da formação que lhes foi dada e da expetativa do ramo quanto ao aproveitamento dos militares, o porta-voz do Exército não referiu valores, argumentando que “cada caso é um caso” em função do número de anos e das especialidades.

Contudo, fontes, ouvidas sob anonimato, afirmaram que as indemnizações têm variado entre os 1000 e os 1500 euros, quando as remunerações mensais são inferiores a 1000 euros e, nos primeiros quatro meses de serviço, os militares auferiram até ao ano passado 196 euros. Uma das fontes indicou que um montante rondou os 400 euros e outro chegou aos 2000.

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Défice global de efetivos

O porta-voz do ramo sublinhou que, no total, cerca de 2300 praças deixaram o Exército o ano passado — quase 33% do referido total de 7000 militares dessa categoria. Na maioria saíram por chegar ao limite do contrato ou por não o terem renovado.

Esta é a categoria onde é maior o défice de efetivos, défice este que, segundo fontes do ramo, ronda atualmente os 2700 militares. Vicente Pereira não confirmou os números, limitando-se a explicar que o Exército precisava de 3750 cabos mas só admitiu 1440, o que corresponde a 38,4% das necessidades identificadas. Na verdade, abriram 2289 vagas, mas só foram incorporados 1763 candidatos, contudo, foram admitidos apenas 1440 devido às eliminações na fase de recruta, por razões físicas e clínicas ou mesmo por desistência.

Ao nível dos oficiais, o Exército precisava de 125 novos efetivos e foi autorizado a admitir 83. Para estas 83 vagas foram incorporados 77 candidatos, mas só 59 chegaram ao fim do processo de formação e foram admitidos. No que diz respeito ao número de sargentos, as necessidades identificadas apontavam para 173 efetivos mas só houve luz verde para abrir 156 vagas. Dos 141 candidatos incorporados, foram admitidos 139, acrescentou o porta-voz do Exército.