“Até nos Vermos Lá em Cima”

Esta adaptação do romance de Pierre Lemaître que ganhou o Prémio Goncourt em 2013 quer, em simultâneo, recordar as grandes produções do tempo do cinema francês pré-Nova Vaga, e canalizar o espírito “cool” e irrequieto dos filmes de Jean-Pierre Jeunet. O que não resulta lá muito bem numa fita que começa nos últimos dias da I Guerra Mundial, tem um mutilado de guerra como um dos principais protagonistas, e faz humor negro e sátira social à custa de uma história sobre esquemas fraudulentos em redor do enterro dos que tombaram nesse conflito e dos memoriais construídos para os evocar.  Realizado pelo actor Albert Dupontel, que também interpreta um dos papéis principais, ao lado de Nahuel Perez Biscayart, “Até nos Vermos Lá em Cima” é um filme muito laborioso que no final sabe a muito pouco.

The Place

Um homem misterioso passa o dia sentado á mesa de um café, onde é visitado por uma sucessão de pessoas cujos desejos mais íntimos ele afirma poder realizar, desde que elas cumpram uma tarefa que lhes atribui, sendo quase todas ilegais ou imorais. O italiano Paolo Genovese transforma aqui uma série americana de 2011 chamada “The Booth at the End” num filme que é intrigante durante os primeiros 20 minutos, mas que depois se transforma em rádio filmada e — literalmente — nunca sai do mesmo sítio. Por outro lado, os dilemas éticos e morais que o homem misterioso põe aos seus interlocutores estão longe de ser todos interessantes e algumas das situações são absurdas, como a da velhinha a quem é solicitado que fabrique uma bomba em casa e a vá pôr num lugar público. Uma estopada estática e palavrosa.

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“Na Síria”

Rodado em menos de um mês pelo director de fotografia belga Philippe Van Leeuw num apartamento no Líbano, “Na Síria” passa-se ao longo de 24 horas, supomos que em Damasco, sempre no interior de um apartamento de um prédio do qual todos os inquilinos já fugiram, num bairro onde um atirador furtivo ameaça todos aqueles que se atrevem a sair à rua, onde todo o dia se ouve, com maior ou menor intensidade, o ruído dos combates. A casa não tem água nem luz, a rede telefónica e a Internet são intermitentes, e lá dentro aglomeram-se três gerações de uma família, mais uma empregada e um casal jovem com um bebé, que foi acolhido depois do seu apartamento ter sido atingido por um morteiro. “Na Síria” foi escolhido como filme da semana pelo Observador, e pode ler a crítica aqui.