Fernando Correia vai assumir funções na próxima segunda-feira como porta-voz de Bruno de Carvalho. O jornalista de 82 anos, que já era comentador na Sporting TV e que vai reportar diretamente ao diretor de comunicação, Nuno Saraiva, deu esta sexta-feira uma conferência de imprensa no Estádio José Alvalade, onde informou que a ata da reunião desta quinta-feira “vai começar a ser enviada hoje [sexta-feira] para todos os sócios do Sporting e colocada em todas as plataformas de comunicação do clube”.

Lendo esse documento os sócios ficarão a saber tudo, mas mesmo tudo, sem qualquer reserva, sobre o que ali se passou, pois para a direção do Sporting os sócios serão sempre o património mais importante do clube e têm total direito à total transparência da informação nos pontos relevantes da vida do clube”.

Esta decisão surge na sequência da polémica com a ata da primeira reunião. No encontro desta quinta-feira, Bruno de Carvalho começou por ler a ata da reunião de segunda-feira, mas os membros demissionários da Mesa da Assembleia-Geral e do Conselho Fiscal e Disciplinar recusaram assinar por, na sua ótica, não corresponder ao que se passara. Este cenário foi depois confirmado pelo presidente da Mesa da Assembleia-geral em declarações ao Expresso: “Quis que assinássemos a ata da reunião anterior, só que era a ata Bruno de Carvalho, onde estavam as coisas que ele tinha dito e também as que não tinha dito”.

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O porta-voz do presidente do Sporting também informou que o Conselho Diretivo liderado por Bruno de Carvalho vai promover três sessões de esclarecimento junto dos sócios do clube: a primeira no domingo, às 10h, no Pavilhão João Rocha; a segunda em Faro, no dia 30 de maio, às 19h; e a terceira no Grande Porto no dia 1 de junho, às 19h. O clube vai depois informar quais os locais das duas últimas reuniões.

Fernando Correia disse ainda que “é desejo do presidente do Sporting e do restante Conselho Diretivo que essas sessões decorram com total normalidade, que sejam amplamente participadas e que sirvam exclusivamente para que os sócios possam esclarecer, sem qualquer constrangimento, todas as dúvidas que possam ter”.

A propósito das reuniões dos órgãos sociais realizadas nas passadas segunda e quinta-feira, Fernando Correia quis esclarecer algumas questões. Primeiro disse que Bruno de Carvalho “foi acusado pelo presidente da Mesa da Assembleia-geral (MAG), Jaime Marta Soares, de ter recusado tudo”, questionado “o que significa esse tudo”.

Devo aqui destacar que o presidente da MAG pediu de forma reiterada uma coisa ao doutor Bruno de Carvalho: que a direção se demitisse, ou então que ficasse a gerir o clube por um período de 60 dias até à realização de eleições. Esses pedidos foram recusados, mas pelas razões que o presidente do Sporting já explicou. Destaco uma: há muitos anos, outras direções concluíram que o melhor momento para a realização de eleições seria o mês de março, e por isso o consagraram nos estatutos do Sporting. Nessa altura do ano não se coloca em causa o normal funcionamento das épocas de futebol e das modalidades. Mas essa possibilidade nunca foi colocada em cima da mesa. O que foi proposto pelo presidente da MAG na reunião do dia 21 [segunda-feira] mas depois retirado sem qualquer explicação foi a marcação de eleições no imediato para a MAG e para o Conselho Fiscal e disciplinar. Recusar esses pedidos não é o mesmo que recusar tudo”.

Fernando Correia confirmou que Jaime Marta Soares colocou outras hipóteses em cima da mesa que não passassem pela demissão imediata do Conselho Diretivo, dizendo que a marcação de uma Assembleia-Geral Extraordinária para a destituição era “a decisão que já trazia na algibeira”.

Nas declarações ao Expresso, Marta Soares também disse que nunca colocou em cima da mesa a hipótese de formação de uma comissão de gestão: “Apresentámos a proposta A: se aceitasse renunciar ao cargo esta quinta-feira, ele manter-se-ia na gestão do clube e marcaríamos eleições para 19, 26 ou 29 de agosto. Ele escolheria a data que melhor lhe servisse. Esta, disse-lhe eu, era a melhor forma de parar com esta instabilidade. Disse-lhe também que a MAG tinha quatro mil assinaturas, quando são apenas precisas mil, e que as apresentaria quando ele accionasse os serviços para a sua validade. Nunca falámos numa comissão de gestão, isso é uma mentira, mentira, mentira”. O porta-voz de Bruno de Carvalho respondeu, naquele que foi o segundo ponto sobre os esclarecimentos em relação às reuniões

Vamos lá ser muito claros: se o Conselho Diretivo se demitisse como seria assegurado o normal funcionamento do Sporting até à tomada de posse dos novos órgãos sociais? Seria assegurado por uma comissão de gestão nomeada pelo presidente da Mesa da Assembleia-Geral, conforme deriva dos estatutos”.

O terceiro ponto dos esclarecimentos foi a informação de que a ata da reunião desta quinta-feira vai ser divulgada aos sócios e colocada em todas as plataformas de comunicação do clube.