Era um encontro com carácter quase decisivo no Campeonato em caso de vitória do Sporting, era sobretudo um encontro decisivo para o FC Porto. Num contexto diferente do habitual, em dia de eleições com afluência recorde na história dos azuis e brancos, o Dragão Arena recebia o clássico que podia relançar a luta do título ou fazer de vez o xeque-mate ao título com essa particularidade de os leões tentarem defender uma invencibilidade de 24 encontros ganhos de forma consecutiva esta temporada na prova e três triunfos diante dos dragões ao longo da época, algo que há muitos anos não acontecia na modalidade.

“O nosso ponto forte tem de ser a defesa. Temos de defender de forma compacta e agressiva porque eles têm jogadores muito agressivos no 1×1 e insistem nessa situação para conseguirem o remate em penetração. Temos que estar fechados, a nossa maior força é a defesa. Se nos mantivermos assim, vai correr bem. Vamos estudar os últimos jogos deles, corrigir os nossos erros e estamos prontos para esta batalha. É muito difícil ver os pontos fracos da equipa do Sporting, têm feito uma época muito boa, ainda não tiveram derrotas. Nos últimos jogos, estivemos bem, a equipa está motivada e confiante de que vai ganhar”, tinha comentado Daymaro Salina, experiente internacional português e capitão dos azuis e brancos.

“Em Portugal, é muito difícil ganhar o Campeonato, são precisas muitas vitórias mas essas vitórias pertencem ao passado e temos de focar-nos no jogo que está à nossa frente. O nosso objectivo é conquistar mais três pontos. Sabemos que existem momentos difíceis durante o jogo, não será um encontro desequilibrado. Para nós é óptimo jogar contra os melhores mas olhamos mais para nós do que para eles. Nas últimas três vitórias que tivemos frente ao FC Porto focámo-nos muito naquilo que é o nosso jogo, na nossa forma de estar. Crescemos muito, conseguimos muitas vezes gerir nos últimos dez minutos, algo que, antes, não conseguíamos. Estamos uma equipa muito mais madura, mas sabemos que o FC Porto vai ter uma resposta muito forte”, destacara Ricardo Costa, ex-jogador dos portistas que orienta agora o Sporting.

Os minutos iniciais, marcados pela chegada de Pinto da Costa ao Dragão Arena com uma ovação de pé que parecia quase uma despedida da liderança sem que fossem conhecidos os resultados oficiais das eleições (só o número de votantes, que ascendeu a quase 27.000 num dia que fica para a história), mostraram ao que vinha o FC Porto. Habituados a ganhar e dominar a modalidade, os dragões queriam não só impor a primeira derrota no Campeonato ao Sporting como mostrar o porquê de continuarem a ser os campeões em título. Conseguiram. E com o triunfo num ambiente eletrizante reduziram a desvantagem para o primeiro lugar para dois pontos, o que poderá fazer do próximo clássico no Pavilhão João Rocha que fecha o Campeonato uma verdadeira “final” onde quem ganhar o jogo fica também com o título.

O encontro começou com grande equilíbrio e uma eficácia de quase 100% que levava os números ou para vantagens mínimas ou para empates sem que ninguém conseguisse deslocar no marcador. Aliás, foi preciso esperar dez minutos para a primeira vantagem de dois golos na partida e para os azuis e brancos, numa fase em que Mitrevski se destacou na baliza portista (7-5). O Sporting ainda conseguiria volta a empatar o jogo a dez mas uma ponta final melhor do conjunto da casa fez toda a diferença ao intervalo, com um parcial de 4-0 que empolgou em definitivo o Dragão Arena e empurrou a equipa para o 20-16 registado ao intervalo.

O Sporting estava obrigado a ter uma entrada diferente no segundo tempo mas foi o FC Porto que voltou a estar por cima, chegando pela primeira vez a uma vantagem de seis golos com Diocou e Pedro Valdés como principais marcadores. Foram esses minutos iniciais que fizeram toda a diferença no resto da partida, não por aquilo que os leões faziam em termos ofensivos mas pelo que nunca conseguiram fazer a defender, entre erros na zona central e na saída aos laterais e uma eficácia baixa de Kristensen e Maciel na baliza. Um parcial de 3-0 dos verde e brancos a dez minutos do final ainda deixou a partida por apenas dois golos (30-28) mas Carlos Resende parou o jogo, o FC Porto serenou e a vitória tornou-se mesmo realidade por 37-35, numa fase em que Pinto da Costa já tinha deixado o recinto para regressar ao Estádio do Dragão mas sem ser esquecido também por tudo aquilo que conseguiu fazer no andebol dos azuis e brancos ao longo dos anos.

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