Enviado especial do Observador à Rússia (em Sochi)

“Mas que barulho será este?”, pensámos para nós próprios. O toque do telefone de algum jornalista uruguaio? Não, tinha de ser mesmo muito alto. O barulho que vinha do autocarro dos sul-americanos? Não, também estava demasiado longe para isso. O som do balneário dos comandados de Óscar Tabárez? Agora sim, mais perto. Mas ainda não tínhamos acertado na resposta certa: aquela cumbia alto e bom som que se ouvia vinha de uma coluna de aparelhagem de Cristían Rodríguez, o Cebola que passou por Benfica e FC Porto e que continua a ser um dos maiores animadores do grupo onde está inserido.

Entre risos que se iam contendo de forma mais ou menos conseguida por aquele “espetáculo” na zona mista, Sebastián Coates, provavelmente percebendo que quem o chamava eram jornalistas portugueses, saiu com o seu mate ao lado de alguns companheiros de equipa e preferiu não falar. Ao contrário de Maxi Pereira, de gravata ao pescoço com nó bem largo e casaco na mão, que esta noite não jogou este jogo especial contra um país onde está há dez anos e, por sua vontade, para continuar.

“Estou muito feliz porque o Uruguai ter passado e agora vamos pensar no que vem. Foi um jogo diferente, estou há muito tempo em Portugal e tinha o coração um pouco dividido. Teria de passar um, fico feliz por ter sido o Uruguai. Se fosse ao contrário, seria mais um adepto de Portugal. França? Vimos um bocado do jogo hoje, é uma boa equipa, muito rápida. Será um jogo duro. Se falei com o Ricardo? Sim, falei e até trocamos a camisola. Passámos um ano juntos e guardo excelentes recordações de tudo o que vivemos no FC Porto”, começou por referir o lateral, antes de manifestar a vontade de ficar na Invicta mais um ano.

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“Estou a pensar voltar ao FC Porto e esperar para ver o que vai acontecer. Sempre disse que queria ficar no FC Porto mais um ano e a questão do dinheiro não vai ser problema, já falei com o treinador Sérgio Conceição e já lhe disse isso. Espero ficar mais um ano, mas ainda não há nada confirmado. Quando acabar o Mundial vou ao Porto. Contratação para a minha posição? Contrataram dois laterais, o que me surpreende um pouco mas é uma pergunta que tem de ser feita às pessoas que fizeram essas contratações. A minha intenção é ficar mais um ano, é isso que quero. Precisava de um título de campeão e o que fizemos neste último ano foi muito importante, foi decisivo para tirar um peso de cima das costas. Gostava de ficar”, destacou.

Também Laxalt, um dos melhores do Uruguai e que tem sido apontado como possível reforço do Benfica, parou junto dos jornalistas portugueses. Muito calmo, a dar nas vistas pelas tranças no cabelo e pelos óculos que lhe acentuam ainda mais a serenidade que tem no discurso, colocou o futuro nas mãos do agente mas não deixou de elogiar os encarnados.

“O meu agente é que tratado do meu futuro, agora estou no Mundial que é muito importante para a minha carreira e estou focado apenas nisso. Depois, logo veremos o que acontece. Tenho visto as notícias que têm saído na imprensa mas não estou a pensar no mercado neste momento, quero desfrutar deste Mundial. Se me agradaria jogar no Benfica? Bem, é um clube muito grande, não posso dizer que não gostaria de jogar lá, mas estou apenas focado no Mundial”, referiu o canhoto do Génova.

Cristían Rodríguez, já depois de ter colocado uma imagem no seu Instagram a dizer “Confirmado: CR7 continua no Mundial” em alusão às iniciais do seu nome e ao facto de atuar com o número 7, ainda começou a falar com a imprensa portuguesa, abordou o título conquistado pelo FC Porto mas começou a ser “eclipsado” com a presença de Luis Suárez ali bem perto e passou mesmo para a sombra perante a confusão que se gerou com a chegada de Edison Cavani, com vários repórteres de mochila às costas a passarem a correr para a zona onde o avançado que decidiu o encontro com Portugal iria falar.

Ainda com notórias dificuldades físicas, as mesmas que o obrigaram a sair do terreno de jogo pouco depois do meio da segunda parte, o jogador do PSG mostrou-se satisfeito com a alegria que a equipa conseguiu dar a todos os adeptos. “Estou muito, muito contente. Imagino a alegria que as pessoas estão a viver no Uruguai, vamos continuar a sonhar”, destacou, ao mesmo tempo que considerou que, estando ainda à espera de exames médicos, a lesão no pé não será impeditiva de jogar com a França.