Enviado especial do Observador à Rússia (em Sochi)

Ao longo da presença da Seleção Nacional na Rússia para disputar o Campeonato do Mundo, houve sempre um especial cuidado por parte dos responsáveis da Federação Portuguesa de Futebol em proteger os quatro jogadores que rescindiram contrato com o Sporting, até porque, à exceção de Rui Patrício, essas desvinculações aconteceram já em Kratovo, onde Portugal tinha a sua sede na prova. No final do encontro com o Uruguai, nem foi necessário esse cuidado: Bruno Fernandes, o primeiro a sair em direção do autocarro, passou pela zona mista de cabeça baixa evitando qualquer contacto; Gelson Martins, pouco depois, trazia na cabeça os phones e também percorreu a zona sem falar; Rui Patrício e William Carvalho, aproveitando o facto de João Mário estar a falar com os jornalistas, passaram de forma disfarçada e também fugiram a questões.

O quarteto teve uma utilização bem distinta ao longo da prova: o guarda-redes foi titular indiscutível, como seria de esperar; o médio defensivo, único jogador com essas características de raiz nos 23 eleitos, também foi totalista; o médio ofensivo foi titular com a Espanha mas perdeu o lugar e só voltou a entrar uma vez; o extremo somou apenas uma partida e como suplente utilizado. Agora, todos, ou quase todos, voltam ao mesmo barco: o que se segue depois da rescisão de contrato?

Como o Observador já tinha avançado, o caso de Rui Patrício é o mais “fácil” de resolver: ainda antes do Campeonato do Mundo, o guarda-redes assinou com o Wolverhampton, foi apresentado pelos ingleses que subiram na presente temporada à Premier League e vai mudar-se para Inglaterra. A única incógnita é saber em que moldes se dará essa alteração: os leões, ainda com Bruno de Carvalho na liderança do clube e da SAD, avançaram com um pedido de 94,7 milhões de euros junto da FIFA por considerarem que não existiam fundamentos para a revogação por justa causa do vínculo, mas os novos responsáveis admitem chegar a acordo com o conjunto comandado por Nuno Espírito Santo para resolver já a questão (por 18 milhões).

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Depois, o caso de William Carvalho. O médio até estava pronto para rescindir contrato no mesmo dia de Rui Patrício (e Daniel Podence), mas acabou por “congelar” a entrega da carta após contactos com o agente Pere Guardiola, dando luz verde para negociar uma transferência do jogador para o estrangeiro. Apesar do interesse do Everton e de outros clubes britânicos, nada avançou e apresentou mesmo a revogação do vínculo. Nos últimos dias, voltaram a existir conversas com o agente do jogador e as coisas retomaram a estaca inicial: apesar do pedido de rescisão, o médio defensivo admite a possibilidade de ser vendido, para que os leões tenham a sua compensação financeira, mas as abordagens por valores abaixo do que está estipulado não permitiram ainda a realização do negócio. Além dos conjuntos ingleses, fala-se também do alegado interesse de Inter e PSG.

Gelson Martins foi um dos primeiros elementos a serem contactados, neste caso, via representante, a propósito de uma possível inversão do processo de rescisão. Qualquer decisão ficou adiada para o final da participação de Portugal no Campeonato do Mundo da Rússia, mas não existem certezas em relação a uma possível integração no plantel principal ou a uma venda, embora tenham surgido indicações de que o extremo estaria disposto a sentar-se com os novos responsáveis verde e brancos para refletir sobre tudo o que se passou e, no limite, caso não surgissem propostas atrativas, permanecer em Alvalade, cenário que se poderá complicar caso alguns conjuntos estrangeiros, como o Arsenal, voltem à carga com propostas. Esta quinta-feira, Ulisses Santos garantiu apenas que o jogador formado na Academia não irá transferir-se para o Benfica.

Por fim, Bruno Fernandes. Numa fase inicial, depois da entrada dos novos dirigentes leoninos no clube e na SAD do Sporting, havia a confiança de que era possível também inverter a rescisão do médio ofensivo. Através de intermediários, têm existido conversas com o agente do jogador, Miguel Pinho, mas ainda não saiu qualquer sinal definitivo sobre como se pode solucionar a questão. Da parte do internacional português, como avançou o jornal Record, a prioridade passa por encontrar uma plataforma de entendimento boa para todas as partes, mas já terão surgido propostas tentadoras para assegurar a sua contratação.