A Procuradoria-Geral da República (PGR) anunciou esta sexta-feira a abertura de inquéritos à procuradora titular do processo da invasão à academia do Sporting, em Alcochete, assim como à divulgação de áudios de interrogatórios a arguidos.

Este inquérito prende-se com o tom utilizado pela magistrada Cândida Vilar em interrogatório realizado no âmbito das agressões na academia do clube leonino, que, entretanto, veio a público.

“Foi determinada a abertura de um inquérito para averiguação de eventual responsabilidade disciplinar da magistrada. Este inquérito encontra-se previsto no art.º 211º do Estatuto do Ministério Público e tem por finalidade a averiguação de factos determinados. Na sequência do resultado deste inquérito, será decidida a instauração ou não de processo disciplinar”, refere a PGR, em resposta escrita enviada à agência Lusa.

Em relação aos áudios de interrogatórios a arguidos, divulgados durante esta semana pela estação televisiva CMTV, a PGR determinou “a instauração de inquérito criminal”.

A procuradora Cândida Vilar, do Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa, deduziu acusação este mês contra 44 arguidos por envolvimento no ataque à academia do Sporting, a 15 de maio, e nas consequentes agressões a técnicos, jogadores e ‘staff’ da equipa leonina.

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Dos 44 arguidos do processo, 38 viram esta semana o juiz de instrução criminal do Barreiro Carlos Delca manter-lhes a medida de coação de prisão preventiva.

Os restantes seis arguidos, incluindo o ex-presidente do Sporting Bruno de Carvalho e o líder da claque Juventude Leonina, Nuno Mendes, conhecido como Mustafá, encontram-se em liberdade, sendo que estes dois últimos tiveram de pagar uma caução de 70.000 euros, cada um, e estão obrigados a apresentações diárias às autoridades.

Mustafá e outros arguidos já anunciaram que vão requerer a abertura de instrução do processo, fase facultativa em que um juiz de instrução criminal vai decidir se leva os arguidos a julgamento.

O antigo oficial de ligação aos adeptos do clube Bruno Jacinto está entre os arguidos presos preventivamente, sendo acusado da autoria moral do ataque, tal como Bruno de Carvalho e Mustafá.

Aos arguidos, que participaram diretamente no ataque, o MP imputa-lhes a coautoria de crimes de terrorismo, 40 crimes de ameaça agravada, 38 crimes de sequestro, dois crimes de dano com violência, um crime de detenção de arma proibida agravado e um de introdução em lugar vedado ao público.

Bruno de Carvalho, Mustafá e Bruno Jacinto estão acusados, como autores morais, de 40 crimes de ameaça agravada, 19 de ofensa à integridade física qualificada, 38 de sequestro, um de detenção de arma proibida e crimes que são classificados como terrorismo, não quantificados. Mustafá está também acusado de um crime de tráfico de droga.

No seguimento do ataque, nove jogadores rescindiram unilateralmente os contratos com o Sporting, e quatro deles, Daniel Podence, Gelson Martins, Ruben Ribeiro e Rafael Leão, mantêm-se em litígio com o clube.

William Carvalho e Rui Patrício acordaram os valores para a sua saída, enquanto Bas Dost, Bruno Fernandes e Rodrigo Battaglia voltaram atrás na decisão de abandonar o clube.