O Governo alemão enfrenta um dilema: por um lado, convinha-lhe proteger a sua indústria mais forte, a indústria automóvel; por outro, não pode fechar os olhos às evidências, porque se o fizer incorre em pesadas multas. E os números não deixam margens para dúvidas, pois desde 1990 que o país não consegue baixar as emissões de poluentes, arriscando-se a ter de arcar com severas multas impostas pela União Europeia.

De acordo com a agência Reuters, o Governo alemão criou uma comissão no Ministério dos Transportes para reverter este quadro a qualquer custo. Uma comissão foi encarregada de elaborar um conjunto de propostas nesse sentido, documento a que a citada agência noticiosa teve acesso. Tratar-se-á ainda de um draft e não de uma versão definitiva. Mas, tal como está redigido, pode significar o fim do “paraíso dos aceleras”, isto é, partes das auto-estradas alemãs onde os automobilistas têm podido, até agora, circular à velocidade que bem entendem, pois aí não se aplica qualquer limite. Existe, efectivamente, a indicação de 130 km/h, mas trata-se apenas de uma recomendação, não passível (por isso) da aplicação de qualquer coima.

Criada em 1932, a rede federal de auto-estradas alemãs não tem limites de velocidade para determinadas classes de veículos, excepto em zonas urbanas, perigosas ou em construção. Daí que o próprio documento que propõe o fim da ausência de limites, e cuja versão final deverá ser apresentada em Março, admita que esta possa ser uma das medidas mais criticadas e impopulares junto dos condutores alemães. Recorde-se que, em Julho de 2017, o sistema Autobahn da Alemanha tinha um comprimento total de 12.996 km, o que faz dele um dos maiores do mundo.

Se tudo leva a crer que esta é uma das acções necessárias para conter a poluição, está desde já garantido que não será a única. A comissão propõe igualmente aumentar os impostos sobre combustíveis, retirar benefícios fiscais aos diesel e impor cotas para automóveis eléctricos e híbridos plug-in.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR