A hiena, esse animal selvagem capaz de se adaptar às circunstâncias mais adversas e organizado em clãs matriarcais, serviu de inspiração a Catarina de Castro Lopes, na hora de lançar a sua própria marca de roupa feminina. Um sonho antigo, segundo explica a designer e empresária. Em pequena, mais do que construir peças de raiz, gostava de transformar as que já tinha. Anos depois, o gosto pela costura e pela moda continuaram lá e nem sempre as lojas eram capazes de cumprir os desejos mais específicos. “A costura sempre esteve presente na minha vida. Não que costure de forma profissional, mas sempre que o faço é uma experiência relaxante e libertadora”, partilha Catarina, à conversa com o Observador.

Distinguir a Hyena de tantas outras marcas portuguesas de atelier foi o primeiro desafio. Encarar uma peça de roupa como algo intemporal, versátil e, no fundo, como um investimento foi o caminho trilhado por Catarina. E se, a partir de um modelo base, cada cliente pudesse escolher os componentes da sua peça? A cor, o material, a cintura, as mangas, o comprimento, o decote e até o fecho — no final, visitar a loja online desta marca lisboeta é quase como montar um puzzle.

A loja online da Hyena, onde cada modelo pode ser construído, peça a peça

Personalizar é a palavra de ordem. “Se compramos agora uma peça e até gostamos de como ela veste, porque não ter o mesmo modelo mas para usar no verão, com um tecido diferente e sem mangas?”, expõe Catarina. A oferta não se fica pelos vestidos. O atual catálogo da Hyena inclui macacões, de calças e calções, calças e blazers e um conjunto de materiais que abarca malhas confortáveis e crepes lisos, difíceis de amarrotar. No final, temos uma representação completa do guarda-roupa feminino, da farda de trabalho ao vestido de festa. “A simplicidade acaba por dar versatilidade às peças”, conclui a designer.

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A história de Catarina cruza-se com a de tantas outras mulheres que, com a maternidade, decidiram partir para novos projetos. Psicóloga clínica, manteve-se sempre ligada a aulas de costura. A certa altura, foi tirar um curso de design de moda na Lisbon School of Design. Seguiram-se mais aulas, desta vez exclusivamente dedicadas à modelagem. “Não corremos atrás de alguns sonhos porque estamos a correr no nosso dia-a-dia e vamos deixando rolar. Aqui, fui quase obrigada a parar e acabei por aproveitar a oportunidade para começar uma coisa que queria muito fazer, há já muito tempo”, explica.

O atelier na Hyena, na Lx Factory © Manuel Manso

Hoje, com 34 anos, tem o seu próprio atelier, na Lx Factory. É lá que desenha algumas peças, que acompanha a par e passo o processo de modelagem e que vê nascer os protótipos. Depois, parte da produção acontece ali mesmo, enquanto o resto dos desenhos segue para outro atelier com que a marca trabalha. Os ajustes e arranjos também são feitos em casa e fazem parte de um acompanhamento gratuito que a Hyena dá a todas as clientes.

O feito à medida não é só para melhor satisfazer as necessidades das clientes. Catarina chama a atenção para o impacto ambiental da indústria e para como uma marca focada na peça ideal, e não na produção em série, pode minimizar potenciais compras por impulso ou de roupa com uma curta vida útil. Em vez de coleções sazonais, a Hyena vai manter a sua oferta de modelos clássicos (podemos chamar-lhes básicos) e renovar pontualmente o leque de novidades com pequenos lançamentos cápsula, com aconteceu no final do ano passado, quando a marca apostou em brilhos discretos para a passagem de ano.

Nome: Hyena
Data: 2018
Pontos de venda: loja online
Preços: de 95 a 165 euros

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