Estávamos a 17 de março de 2014 quando o Brasil parou para aquele que foi o maior escândalo de corrupção e de lavagem de dinheiro da história do país e um dos mais complexos a nível mundial. Começava aí a operação “Lava Jato”, que envolveu desvios superiores a mil milhões de reais (231 milhões de euros) durante cerca de dez anos. Agora, passados cinco, a operação chega a uma etapa decisiva. Quem o diz é o Ministério Público Federal (MPF), através da sua filial do estado do Paraná.

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Em comunicado, o organismo menciona o perigo de o Supremo Tribunal Federal (STF) poder decidir esta semana que crimes de corrupção e lavagem de dinheiro sejam investigados pela Justiça Eleitoral em vez de pela Justiça Federal. O caso será apreciado nesta quarta-feira, 13 de março, e “pode ter impacto direto em investigações como a Lava Jato, que avançaram significativamente no combate à impunidade que atinge o Brasil há anos”, de acordo com o comunicado.

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Ora, segundo o Ministério Público Federal do Paraná, o perigo de a Justiça Eleitoral julgar casos destes está relacionado com o facto de este tipo de tribunais “aplicar penas mais brandas do que na esfera criminal”, havendo um cenário de “grande possibilidade de prescrição dos crimes, e consequente impunidade”, caso esta passagem de poderes seja aprovada.

O MPF atribui tanta gravidade ao caso que o procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da equipa de investigação do caso Lava Jato, destaca que uma aprovação desta alteração seria “realmente um prémio para todos os envolvidos”.

A operação Lava Jato é considerada a maior investigação de corrupção e lavagem de dinheiro do Brasil. Os suspeitos são empresários e políticos, sendo um deles, já condenado, o ex-presidente brasileiro Lula da Silva. Em cinco anos de operação foram enviados, só no Paraná e de acordo com o comunicado, “1.196 mandados de busca e apreensão ou 310 mandados de prisão expedidos pela Justiça Federal contra 267 pessoas”, algumas delas ainda foragidas.

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O comunicado menciona também 91 acusações criminais contra 426 pessoas, sendo que, em 50 processos já houve 242 condenações contra 155 pessoas. Até o momento a soma das penas atinge 2.242 anos e 5 dias, numa altura em que a operação está prestes a fazer cinco anos.