Foram dez as pessoas que morreram no tiroteio na Escola Estadual Raul Brasil em Suzano, cidade no estado de São Paulo. Além dos dois atiradores, que se suicidaram depois do massacre, morreram também cinco crianças entre os 12 e os 17 anos, duas funcionárias e o dono de um stand de aluguer de automóveis nas vizinhanças da escola. Eis o que já se sabe histórias das vítimas mortais do ataque.

Os estudantes: Cinco alunos com menos de 17 anos

Douglas Murilo Celestino foi assassinado com 16 anos. No início do ano letivo teria pedido à mãe para mudar de escola. A que foi atacada “era muito bagunçada”, como relatou um amigo da família. Por estar prestes a terminar os estudos, a família recusou, explica a Veja.

O governo de São Paulo tinha recebido, já em 2019, um estudo de vulnerabilidade das escolas do estado, diz o Estadão. A escola Professor Raul Brasil, atacada em Suzano, não integrava a lista de 141 estabelecimentos tidos como perigosos ou ameaçados.

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“Dócil e bem criado”, nas palavras da mãe, foi confundido com foi um colega, João Victor Ramos Lemos, por ter o bilhete de identidade do amigo no bolso. Ia a casa de João Lemos jogar videojogos todos os dias. Conheciam-se desde os 5 anos. João Lemos conseguiu fugir aos atacantes saltando o muro da escola.

Kaio Lucas da Costa Limeira, com 15 anos, foi das últimas vítimas a ser confirmada. Baleado na nuca, caiu por cima do material de um colega, Pablo Henrique Rodrigues, com quem foi confundido pela polícia brasileira. O jovem era muito religiosa, garante a  Globo, que explica que Kaio estava no grupo musical da Igreja Cristã Mundial que frequentava com a família.

Seria “um rapaz tranquilo”, que não ia “nem comprar pão sozinho”, segundo o relato da prima, Cibele Ferreira. Morava com a mãe, divorciada do pai. Era apoiante do Santos Futebol Clube.

Cleiton António Ribeiro morreu aos 17 anos. Foi descrito à Globo como um jovem “muito tímido, quieto, simples e gentil”, reservado e “sempre na dele”, que nem utilizava as redes sociais com regularidade. “Um amor de pessoa, puro e inocente”, como o caracterizou uma colega de turma. Queria seguir estudos para a universidade.

Samuel Melquíades Silva de Oliveira, de 16 anos, estava ligado à Igreja Adventista do Sétimo Dia. Para o tio, Marcos Oliveira, era “Um menino bom, educado e que não se metia em confusões”. O jovem queria seguir a profissão do pai, diz a Globo, e ser artista. Dedicava-se a pintar nos tempos livres.

Caio Oliveira tinha 15 anos. Apaixonado por desporto, praticante de basquetebol, uma amiga homenageou-o postumamente no Facebook confirmado que “jogava muito bem”.  Na rede social seguia a liga americana de basquetebol, a NBA.

O atleta partilhava muitas músicas de rap, particularmente por músicos brasileiros. Alguns dos favoritos seiam “Sobrevivendo no Inferno, dos Racionais MC’s, “Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa…”, de Emicida, e “Castelos e Ruínas”, por BK.

A primeira vítima: Dono de stand e tio de um dos atiradores

Jorge António Moraes foi confirmado pela Polícia Militar, aos 51 anos, como a primeira vítima mortal de Guilherme Taucci Monteiro e Luiz Henrique de Castro. Antes de entrarem na Escola Raul Brasil em São Paulo, os dois atiradores dirigiram-se a um stand de aluguer de automóveis que ficava ao lado e mataram o proprietário que, segundo o G1, é tio de um dos criminosos. As autoridades suspeitam que possam cometido este crime para distrair a polícia antes de atacarem dentro da escola.

Jorge António Moraes era o dono da “Jorginho Veículos” e estava no escritório, dentro da loja, quando o sobrinho entrou no edifício para o balear. O homem foi levado ainda com vida para o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e foi submetido a uma cirurgia. Mas não resistiu e sucumbiu no bloco operatório. As autoridades ainda não conseguiram apurar quais foram as motivações deste crime, mas há quem diga que tio e sobrinho tinha discutido no dia anterior.

As funcionárias: Eliana e Marilena, a voluntária na igreja

Marilena Ferreira Vieira Umezo tinha 59 anos, era coordenadora pedagógica na escola, casada, com três filhos. “Ela era uma mulher muito alegre e cheia de coragem. Enfrentava tudo dentro da escola. Violência contra professores, tudo”, descreveu a amiga Denise Hanashiro, que foi professora de inglês na mesma escola. “É muito triste. Marilena era uma mulher maravilhosa, sempre pronta para ajudar”, acrescentou a agora professora reformada.

De acordo com a Veja, Marilena fazia trabalho de voluntariado na Igreja Matriz São Sebastião, na cidade de Suzano, em São Paulo. Era responsável por algumas aulas de catequese e organizava encontros com casais casados naquela igreja. Joni Matos Incheglu, engenheiro e ex-aluno da escola, descreve a vítima como “maravilhosa, religiosa e adorada por todo mundo”: “Ela amava educação. Não conheço os seus alunos atuais, mas tenho certeza de que ela era amada por todos eles”, conclui.

A outra funcionária chamava-se Eliana Regina de Oliveira Xavier, de 38 anos, e teve morte imediata. Era agente de organização escolar. Foi a terceira vítima, depois de Jorge e de Marilena.

Eliana Xavier