Tinha dez metros de diâmetro, 1.400 toneladas e libertou tanta energia quanto a de dez bombas atómicas de Hiroshima. Foi o segundo maior impacto de um meteoro com a Terra no último século mas, embora tenha sido detetado pelo menos por 16 estações infrassom em todo o mundo, demorou três meses até que alguém reparasse na explosão que a colisão provocou. Agora, a Agência Meteorológica do Japão lançou as primeiras imagens da explosão, que tinham sido captadas pelo satélite Himawari-8. E mostram uma bola de fogo visível desde o espaço.

Assinalada a vermelho está a explosão de um meteoro com a Terra a 18 de dezembro de 2018. Créditos: Simon Proud, University of Oxford/Japan Meteorological Agency

A 18 de dezembro, às 23h50 em Portugal Continental, um meteoro colidiu com a Terra no Mar de Bering, uma parte do Oceano Pacífico entre a Rússia e o estado norte-americano do Alasca. O fenómeno foi captado em estações de todo o mundo, mas só quando Peter Brown, investigador da Universidade de Ontário Ocidental (Canadá), olhou para os registos é que reparou na colisão do corpo celeste com a Terra — uma explosão que libertou 173 quilotoneladas de energia.

Conforme explicou através do Twitter, Peter Brown apercebeu-se da explosão, que aconteceu em altitude, porque 16 estações espalhadas pelo mundo captaram ondas sonoras de baixa frequência que os seres humanos não têm capacidade para ouvir. Normalmente, quando essas ondas são detetadas, é sinal de que houve um impacto ou um fenómeno que levou à libertação de grandes quantidades de energia. É por isso que, durante a Guerra Fria, estações como estas eram usadas para detetar possíveis explosões nucleares.

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Agora, as imagens publicadas pela agência meteorológica japonesa pouco depois de os cientistas terem detetado a explosão desvendam mais sobre o fenómeno. Como a nuvem de fumo deixada para trás pelo meteoro ao entrar na atmosfera terrestre é quase vertical, isso significa que este corpo celeste viajava a alta velocidade quando encontrou a Terra. “Aparece nas imagens à hora certa, está no local certo, a coluna de fumo é quase vertical e é muito alta. Muito mais alta que qualquer nuvem naquela região e muito alto para ser um rasto de condensação”, concluiu Peter Brown no Twitter.

De acordo com este investigador, maior que este impacto durante este século só houve um: o de Cheliabinsk, um meteoro visto a atravessar o céu da Rússia a 15 de fevereiro de 2013. Estima-se que esse meteoro, ao rasgar a atmosfera terrestre, tinha aproximadamente 10 mil toneladas de massa e 17 metros de diâmetro, libertando o equivalente a 500 quilotoneladas de energia durante o impacto.

O impacto de dezembro de 2018 é também o terceiro maior entre a Terra e um meteoro nos tempos modernos, ultrapassado não apenas pelo meoteoro em Cheliabinsk como também pelo chamado Evento de Tunguska, um corpo celeste que a 30 de junho de 1908 passou por cima da Sibéria, no então Império Russo, próxima ao rio Podkamennaya Tunguska. A explosão aconteceu a uma altitude de entre cinco e 10 quilómetros, devastando milhares de quilómetros quadrados de floresta.

O impacto entre a Terra e outros corpos celestes de pequenas dimensões são comuns — tanto que costumamos ser brindados com fenómeno como as chuvas de estrelas durante o verão, por exemplo. No entanto, como o nosso planeta é composto maioritariamente por água, o mais provável é que estes meteoros caiam no mar e escapem ao nosso olhar. Além disso, meteoros de grandes dimensões são muito mais escassos do que os mais pequenos, por isso é que não é costume assistirmos a grandes explosões como esta.