Dia 23 de Maio, a Audi vai apresentar uma realinhamento da sua estratégia que lhe permita superar o revés provocado pelo recuo nas vendas e, consequentemente, nas margens de lucro. Realidade que a levou perder terreno face à concorrência, designadamente germânica, com a BMW e a Mercedes a distanciarem-se do fabricante de Ingolstadt.

No ano passado, as entregas da marca dos quatro anéis fixaram-se em 1,81 milhão de unidades, o que reflecte uma queda global de 3,5% face a 2017, mas sobretudo menos 14% nos mercados europeus. A introdução do novo ciclo de medição de consumos e emissões WLTP é apontada como uma das justificações para o “desaire” na Europa, sendo o próprio CEO da Audi, Bram Schot, a assumir que a marca falhou nesta frente:

“Não podemos ficar satisfeitos com o nosso desempenho. A Audi tem excelentes produtos no mercado mas, em termos de negócios, falhámos na transição para o WLTP como teste final de stress”, declarou.

O objectivo mais imediato é reduzir custos e aumentar a produtividade, de uma ponta à outra da estrutura, de modo a alcançar no final deste ano uma margem de lucro operacional entre 7% e 8,5% que, mais a longo prazo, deverá ficar entre 9% e 11%. Nesse sentido, a marca define 2019 como “um ano de transição”, com o vice-presidente financeiro, Alexander Seitz, a antecipar que a empresa vai concentrar-se na estrutura de custos e promover uma “limpeza”, em termos operacionais, na medida em o WLTP continua a cortar uma fatia aos ganhos. Recorde-se que, após a detenção do seu antigo CEO, Rupert Stadler, a marca disse querer poupar 15 mil milhões de euros, tornando-se mais eficiente. Até porque precisa de continuar a investir na mobilidade eléctrica, na condução autónoma e nos serviços digitais – um total de 14 mil milhões de euros até 2023.

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Na reunião anual que decorrerá em Maio, saberemos mais detalhes acerca das medidas que o fabricante alemão pondera implementar. Para já, a Audi adianta que em cima da mesa está a adaptação da gama (produtos e de motorizações) à procura, o que significa que até 2025 o portefólio nos segmentos de médio e grande porte deverá crescer até 15 modelos. Os modelos a combustão e os motores mais poluentes serão também eliminados progressivamente, em prol da electrificação. E tanto assim é que nem modelos emblemáticos escapam, pois neste momento os desportivos TT e R8 vêem o seu futuro questionado, havendo a forte possibilidade de só terem continuidade assegurada se forem eléctricos. Aliás, nos próximos dois anos, a Audi planeia introduzir cinco eléctricos a bateria e sete híbridos, de modo a chegar a 2025 com uma gama de 30 modelos electrificados.

Para crescer nas vendas, a China é o mercado onde a Audi pretende focar-se, de modo a aí atingir valores na ordem de 1 milhão de unidades. Neste momento, as entregas nesse país asiático rondam as 600 mil novas viaturas.