A ex-procuradora-geral da República afirmou esta sexta-feira, em declarações à Rádio Renascença, que existem em Portugal redes de compadrio e corrupção nas áreas da contratação pública. “Há efetivamente algumas redes que capturaram o Estado e que utilizam o aparelho do Estado para a prática de atos ilícitos e, felizmente, algumas estão a ser combatidas, mas outras continuam a fazer isso e há até outras que começam”, disse.

Aos microfones da Renascença, no programa Em Nome da Lei, Joana Marques Vidal disse que a realidade mostra que há uma disseminação desse tipo de práticas “em vários organismos de vários ministérios, autarquias e serviços diretos ou indiretos do Estado”.

Já em 2015, numa entrevista ao Público e RR, a então procuradora-geral da República recém-empossada tinha dito: “Há uma rede que utiliza o aparelho de Estado” para corrupção. Se fosse hoje, diz, só mudaria uma parte da afirmação: punha no plural e não no singular. Ou seja, “há redes que utilizam o aparelho do Estado para corrupção”.

Ainda assim, Joana Marques Vidal, que terminou recentemente o seu mandato, tendo sido substituída por Lucília Gago, nega que tenha uma visão catastrófica sobre a corrupção em Portugal. “Eu não tenho essa ideia de que toda a gente é corrupta e que todas as autarquias são corruptas e que todos os políticos são corruptos. Não tenho nada essa ideia. Sou, aliás, uma defensora de que os partidos são um elemento essencial da democracia. Poderemos depois discutir se deviam estar mais abertos ou menos abertos, autorregenerem-se, não serem tão complacentes com certos tipos de atividades, mas isso é outro tipo de discussão”, disse.

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