É ao Governo que o Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias atribui a responsabilidade caso aconteça algum acidente durante a greve. Isto porque, nas palavras do presidente do sindicato, Jorge Cordeiro, “não se compreende” o recurso a militares e polícias para conduzir camiões carregados com matérias perigosas, caso seja necessário.

 E, desde já, fica o Governo responsabilizado por qualquer acidente que possa vir a acontecer num veículo conduzido por um desse condutores”, apontou.

O líder sindicalistas falava aos jornalistas no final do primeiro de três plenários de sindicatos agendados para este sábado, no qual foi aprovada por unanimidade a “manutenção da greve”. “Nesta reunião, dentro daquilo que estava previsto, conversámos com os nossos associados, falámos do que se passou na reunião de segunda-feira, foi colocada a votação. E foi aprovada por unanimidade a manutenção da greve”, revelou. Jorge Cordeiro alertou, referindo-se à ANTRAM, que “ainda há margem” para evitar a greve “se assim o desejarem”. “Até ao momento não nos chegou qualquer conhecimento, qualquer abertura da parte da ANTRAM”, disse, acrescentando que espera uma resposta até ao início da greve.

O presidente do SIMM garantiu que não vai haver qualquer oposição aos serviços mínimos, por parte dos motoristas: “Somos conhecedores da lei”. E explicou que este plenário serviu também para garantir que “os veículos que estejam a assegurar os serviços mínimos possam atravessar os piquetes sem qualquer constrangimento”. Ainda assim, não deixou de fazer uma nota relativamente a este tema, dizendo que os motoristas já adivinhavam que os serviços mínimos “seriam generosos”, mas nunca pensaram que seriam “tanto”.

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A indignação, neste caso, deu lugar à revolta, porque [os motoristas] sentem que, neste momento, há uma serie de poderes que se aliam e conjugam na tentativa de lhes retirar voz e não deixar que venham para a praça as suas reivindicações”, lamentou.

Jorge Cordeiro deu a certeza de que a greve será feita de forma civilizada e “não podia ser de outra maneira”. O presidente do respondia assim às declarações do porta-voz da ANTRAM, André Matias de Oliveira, que disse estar certo de que ocorrerão “agressões às autoridades ou a pessoas que queiram furar a greve”.

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Motoristas em alerta para a possibilidade de haver infiltrados

Jorge Cordeiro adiantou também que os motoristas foram alertados para o facto de não se poder “fazer cortes de estradas em Portugal” e para a possibilidade de haver infiltrados.

Estamos também com algum receio, nesse sentido, que haja infiltrados nos piquetes de greve, na tentativa de desestabilizar e passar uma imagem errada daquilo que são os motoristas”, admitiu.

O líder sindical garantiu que os coordenadores dos piquetes já receberam ordens de como atuar nestes casos. “Sempre que detetaram elementos estranhos que lhe pareçam que podem não ser motoristas, que procurem abordar esses elementos e perceber se são mesmos motoristas — e nós, motoristas, sabemos as perguntas que devemos fazer para perceber o que está ali. Se não forem motoristas, devem imediatamente entrar em contacto com as forças de segurança. E nos temos uma linha aberta com o Comando Nacional da GNR”, explicou.

Questionado sobre o que os portugueses podem esperar dos motoristas, nos dias de greve, Jorge Cordeiro foi claro: “Podem esperar duas coisas. Vamos estar na rua, vamos estar visíveis, de uma forma cordial. Vamos também procurar dar uma certa noção de civismo e mudar um bocadinho a imagem que há um pouco do motorista. Da outra parte, os sindicatos estão a trabalhar no sentido de assegurar os serviços mínimos”.