Foi um dos vencedores da noite em que a academia britânica de cinema entregou os seus prémios anuais. Venceu na categoria de Melhor Ator, pela prestação em “Joker” (a mesma que lhe deu o Globo de Ouro e que o coloca como favorito nos Óscares) e quando subiu ao palco para receber a estatueta, deu o discurso mais forte da noite.

Começou por confessar-se “honrado e privilegiado” por vencer, reconhecendo também a importância da academia britânica no percurso do ator: “Os BAFTA sempre apoiaram a minha carreira”, disse. Mas os agradecimentos ficaram-se por aí. Os restantes minutos foram aproveitados por Phoenix para uma tomada de posição política e social.

“Sinto-me em conflito”, começou por dizer: “Muitos dos meus colegas de trabalho não têm este privilégio e merecem-no”. Depois, largou a frase chave do discurso: “Estamos a enviar uma mensagem muito clara para as pessoas de cor: que vocês não são bem vindos aqui. Uma mensagem que enviamos para pessoas que contribuíram tanto para este meio, para esta indústria, contributos dos quais beneficiamos.”

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Assumiu que “ninguém quer um tratamento preferencial, ainda que seja isso que damos a nós próprios todos os anos”. Joaquin Phoenix acredita que “as pessoas só querem ser reconhecidas e respeitadas pelo seu trabalho”. E nãos e demarcou daquilo que diz ser as “responsabilidades”: “Não estou a tentar excluir-me desta situação, tenho vergonha de o dizer, mas também faço parte do problema. Não fiz tudo o que estava ao meu alcance para garantir que os sets em que trabalhei eram inclusivos. Mas a questão não tem apenas a ver com sets que são multiculturais. Temos que fazer o trabalho difícil de realmente compreender o racismo sistémico.”

No final, deixou a mensagem: “É obrigação daqueles que criaram, perpetuaram e beneficiaram de um sistema de opressão que o desmontem. E esses somos nós.”

[veja aqui o discurso de Joaquin Phoenix:]