O tenor espanhol Plácido Domingo, acusado nos EUA de assédio sexual por vinte mulheres, suspendeu esta quinta-feira a sua atuação na “La Traviata”, que está em cena no Teatro Real espanhol. O anúncio, divulgado em comunicado, é uma antecipação daquilo que seria, provavelmente, a decisão do mesmo teatro, cuja administração está esta quinta-feira reunida para definir se os espetáculos seriam ou não mantidos.
A decisão de Plácido Domingo surge, também, depois de, na quarta-feira, o Ministério da Cultura espanhol ter cancelado as atuações de Plácido Domingo no Teatro de la Zarzuela, em Madrid, que estavam agendadas para os dias 14 e 15 de maio. Essa foi uma decisão tomada pelo Ministério da Cultura “em solidariedade com as mulheres afetadas” depois de Plácido Domingo ter reconhecido “a gravidade dos factos” e ter pedido desculpa pelos “erros” que estão no centro da investigação nos EUA.
A espanhola Cadena Ser noticia que Plácido Domingo não só suspende a participação na ópera da La Traviata como, também, disponibiliza-se para cancelar as atuações em espetáculos cujos organizadores tenham dificuldades em cumprir os compromissos assumidos na preparação desses eventos. O tenor garante, no novo comunicado, que os seu pedido de desculpas foi “sincero”, vindo do “coração”, garantindo que nunca se comportou “agressivamente” nem fez “nada para obstruir ou prejudicar a carreira de outra pessoa”.
Numa investigação publicada em agosto pela agência Associated Press, nove mulheres alegaram ter sido assediadas pelo cantor no final dos anos 80. A Associated Press publicou uma segunda investigação em setembro, alegando que onze outras mulheres se apresentaram também como tendo sido vítimas do tenor. Plácido Domingo afirmou “ter pensado nos últimos meses nas acusações” e indicou “entender agora que algumas dessas mulheres podem ter medo de se expressar honestamente porque temem que as suas carreiras sejam afetadas”.
Após as acusações de assédio sexual, Placido Domingo deixou em outubro a direção da casa de ópera de Los Angeles, que ocupava desde 2003. O tenor também desistiu de se apresentar na Ópera Metropolitana de Nova Iorque, enquanto outras óperas americanas cancelaram as suas atuações, mas só agora as consequências começam a chegar, também, à Europa e a Espanha.