Um economista do Banco da Reserva Federal de St. Louis (divisão local da Reserva Federal Norte-americana) avançou esta segunda-feira com uma estimava do impacto do novo coronavírus no emprego. Nos Estados Unidos, a pandemia poderá assim custar mais de 47 milhões de postos de trabalho, fazendo a taxa de desemprego do país subir até aos 32,1%.

“São números muito elevados para os padrões históricos. Estamos perante um impacto inédito, como nenhum outro experienciado pela economia dos Estados Unidos nos últimos 100 anos, afirmou Miguel de Faria e Castro, economista português, autor do artigo publicado a 24 de março com as conclusões da análise, à CNBC.

Faria e Castro faz parte da Divisão de Investigação do Banco da Reserva Federal de St. Louis, no estado norte-americano do Missouri. Depois de uma licenciatura e de um mestrado em Economia na Universidade Nova de Lisboa, foi na Universidade de Nova Iorque que, em 2017, concluiu o doutoramento na mesma disciplina.

[Ouça a entrevista de Miguel de Faria e Castro, esta terça-feira, à rádio Observador]

Covid-19. “É um choque inédito na economia norte-americana”

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Dados levantados anteriormente pela Fed já apontavam para quase 67 milhões de trabalhadores em “elevado risco de lay-off“. São, sobretudo, profissionais de vendas, do setor produtivo e do setor dos serviços e alimentar. Uma outra pesquisa concluiu que 27,3 milhões de pessoas desempenham tarefas de contacto intensivo — barbeiros, stylists, atendimento de companhias aéreas, serviços de comida e bebida.

Além dos milhares de pessoas que já perderam o emprego nos Estados Unidos, na sequência da pandemia, a análise tem em conta o elevado número de postos de trabalho em risco face a uma eventual estagnação económica. Segundo a CNBC, só na semana que terminou a 21 de março, mais de 3 milhões de norte-americanos ficaram desempregados. Outras estimativas apontam para que mais 2,65 milhões venham a perder o emprego esta semana.

Se 47 milhões de pessoas perderem o emprego nos Estados Unidos, o número de desempregados poderá assim aproximar-se dos 53 milhões, segundo veicula a CNBC, o triplo dos números registados na grande recessão de 2008. Ao passar os 30%, a taxa de desemprego também poderá romper um máximo histórico. Durante a grande depressão de 1929, este valor não foi além de 24,9%.

Os Estados Unidos são, atualmente, o país mais fustigado pela pandemia de Covid-19. O país tem mais de 150 mil casos positivos e já ultrapassou a barreira das 2.800 mortes.

Artigo atualizado dia 31 de março, às 10h35.