O realizador português Alfredo Tropa, autor de documentários e programas de televisão, como “O Povo que Canta”, que fez com o musicólogo Michel Giacommetti, morreu no domingo aos 81 anos, anunciou a Academia Portuguesa de Cinema.

“Deixou-nos hoje o Alfredo Tropa. Realizador de inúmeros documentários e programas de televisão, especialmente para a RTP onde trabalhou durante muitos anos, contribuiu também para o cinema português com a realização várias curtas-metragens”, explicita uma nota divulgada na página da Academia Portuguesa de Cinema na rede social Facebook.

Deixou-nos hoje o Alfredo Tropa. Realizador de inúmeros documentários e programas de televisão, especialmente para a RTP…

Posted by Academia Portuguesa de Cinema on Sunday, July 5, 2020

Marcelo lembra “figura ativa e constante na televisão e no cinema”

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, lamentou a morte do realizador português Alfredo Tropa, aos 81 anos, destacando que será lembrado como “uma figura ativa e constante na televisão e no cinema”.

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“Alfredo Tropa, que foi cineclubista, realizador, documentarista, produtor, fundador do Centro Português de Cinema e diretor dos arquivos da RTP, será lembrado como uma figura ativa e constante na televisão e no cinema em Portugal”, assinala o chefe de Estado numa nota publicada na página da internet da Presidência da República.

Marcelo Rebelo de Sousa apresenta as suas condolências à família de Alfredo Tropa e destaca que “deixou uma série etnográfica marcante como ‘Povo que Canta’ (com Michel Giacometti)”.

“Além da sua longa associação à TV pública”, acrescenta o Presidente da República, “empenhou-se no Novo Cinema português, trabalhando como assistente de realização de Paulo Rocha e Fernando Lopes e dirigindo, em 1971, uma das longas-metragens mais significativas do movimento, ‘Pedro Só'”.

O realizador português, que morreu aos 81 anos, vai ser “um dos homenageados com o Prémio Sophia de Carreira 2020, celebrando assim a academia, os 50 anos do nascimento do Centro Português de Cinema”, prossegue a Academia Portuguesa de Cinema, na informação publicada na sua página no Facebook.

Entre as longas-metragens de Alfredo Tropa, que era casado com a realizadora Teresa Olga, destacam-se “Pedro Só”, em 1972, e “Bárbara”, em 1980.

Nascido no Porto em 1939, Alfredo Ricardo Rezende Tropa estudou na Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra, cidade onde se iniciou no movimento cineclubista e realizou a sua primeira curta-metragem, “Inundações”, em 1960.

Em 1961, partiu para Paris, com uma bolsa do Fundo do Cinema Nacional, tendo obtido o diploma de realização no Institut des Hautes Études Cinématographiques.

Estagiou na televisão francesa, como recorda o “Dicionário do Cinema Português”, de Jorge Leitão Ramos, e regressou a Portugal para participar na fundação da Média Filmes.

Iniciou a carreira como assistente de realização dos filmes fundadores do Cinema Novo português, como “Mudar de Vida”, de Paulo Rocha, e “Uma Abelha na Chuva”, de Fernando Lopes, movimento em que a sua expressão se incluiria, através de obras como “Pedro Só”.

É um dos nomes fundadores do Centro Português de Cinema e um dos primeiros cineastas portugueses apoiados pela Fundação Calouste Gulbenkian, na renovação da linguagem cinematográfica em Portugal, na década de 1960.

Alfredo Tropa entrou nos quadros da RTP, em 1968. Foi o realizador que acompanhou a investigação do musicólogo Michel Giacometti e do compositor Fernando Lopes-Graça, através de todo o país, e que ficou documentada na série “Povo que Canta” (1971). Também dirigiu os Arquivos e Documentação da televisão pública.

Na sua filmografia constam curtas-metragens como “Regata” (1968), “Um Homem, Uma Obra” (1973), e as longas-metragens “Pedro Só” (1970) e “Bárbara” (1979).

“Um Homem – Uma Obra” (1973), “Figueira – Um Amor Correspondido” (1974), “Beja – Um Povo Que Se Levanta” (1975), “O Povo e a Arte” (1975), “O Povo e o Barro” (1975), “O Povo e o Futuro” (1975), “Viana do Castelo – Enfrentar a Vida” (1975), “Não Parar o País! Regionalização” (1976), “Uma Maré de Moliço” (1977), “Made In – I” (1978), “A Getway to Europe” (1979), “Auto da Criação e do Nascimento do Mundo” (1979), “Le Soleil de Beton” (1987) são outros títulos da sua obra.

Fez também documentários dedicados a figuras das artes e das letras portuguesas como Alexandre Herculano, Padre António Vieira e Bernardo Marques.

Para a RTP fez também, entre outras produções de ficção, a série “Luísa e os Outros” (1987).

Recebeu o grau de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique.