Um incêndio em Santo Tirso atingiu dois abrigos de animais. Nas redes sociais, o PAN começou por denunciar que “dezenas de animais morreram carbonizados”. Ao Observador, a líder parlamentar do partido adiantou já ao fim da manhã deste domingo que as chamas mataram “centenas” de cães e gatos. De acordo com o PAN, um dos abrigos tinha “cerca de 80 animais” e o outro “cerca de 200”. Também ao Observador, a GNR só confirma que o fogo foi “enorme” e recusa-se, para já, a prestar mais informações. Segundo a autarquia 113 animais foram realojados em canis municipais e associações e os restantes 77  dos 190 que sobreviveram foram acolhidos por particulares.

Voluntários que tentaram salvar estes animais dizem que foram impedidos pelos proprietários e pela GNR, com o argumento de que o espaço é propriedade privada, uma informação que é corroborada pelo PAN – Pessoas, Animais, Natureza.

“O PAN tem estado a acompanhar toda a situação no local, nomeadamente a tentativa de retirada dos animais ainda com vida dos abrigos, ação que não está a ser facilitada pelas autoridades, alegando tratar-se de ‘propriedade privada'”, lê-se no respetivo comentário publicado no Facebook e cujas imagens podem ferir os leitores mais sensíveis.

https://www.facebook.com/PANpartido/photos/a.920439104683852/3257178947676511/?type=3&theater

No local estiveram algumas dezenas de cidadãos, membros de ONG e associações de proteção animal que dizem nada ter podido fazer para evitar um desfecho trágico — ainda de acordo com o PAN, estas pessoas foram “barradas tanto pela Câmara Municipal e respetivo Veterinário Municipal, como pelas proprietárias dos abrigos”. Uma das testemunhas é Carla Amaral, que foi denunciando a situação no Facebook ao longo da noite.

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https://www.facebook.com/100023702970065/videos/737062847093808/?id=100023702970065

O PAN diz que foi solicitada a emissão de um mandado para acesso aos abrigos para resgatar os animais que sobreviveram.

Não desistiremos de apurar responsabilidades e de garantir que sejam prestados os devidos cuidados aos animais ainda sobreviventes. Foi já solicitada, com carácter de urgência, a emissão de mandado judicial que permita o acesso aos abrigos e a apreensão cautelar dos animais”, continua o partido no post já referido.

Há outros canis em Portugal a correr o mesmo risco

Resposta às queixas da Associação Animal é “miserável”

A presidente da Associação Animal afirma que há outros canis em Portugal a correrem o mesmo risco que os canis de Santo Tirso.

Em entrevista à Rádio Observador, Rita Silva diz que falta operância às autoridades e por isso a organização de defesa dos animais vai pedir ao Governo que se apurem responsabilidades.

A responsável explica ainda que a legislação, apesar de existir, não tem sido aplicada corretamente.  Na aplicação da lei em Santo Tirso faltou “essencialmente a prevenção”.

PAN faz queixa-crime ao Ministério Público

O PAN já fez queixa-crime ao Ministério Público sobre o incêndio de ontem à noite em Santo Tirso.

“Centenas de animais morreram carbonizados no incêndio. O Estado falhou e as proprietárias têm de ser investigadas”

Em declarações ao Observador, a deputada acusa o Estado de nada ter feito para salvar a vida dos animais e explica que quem tentou ajudar os animais foi impedido. A líder parlamentar do PAN afirma também que um dos abrigos, o abrigo Cantinho das Quatro Patas, era ilegal e que os responsáveis já estavam referenciados há vários anos. “O Estado português falhou ontem para com a vida destes animais, ao permitir que morressem carbonizados”, afirmou a líder parlamentar do PAN ao Observador.

As causas do incêndio ainda não são conhecidas.

GNR: “A essa hora já tinham sido salvos os animais que foi possível salvar”

Em comunicado, a GNR esclarece que “a dimensão do fogo e a grande concentração de animais naquele local, impediram que tivesse sido possível resgatar todos os animais com vida, tendo sido recuperados alguns já sem vida”.

https://www.facebook.com/GuardaNacionalRepublicana/photos/a.701147269982995/3131233440307687/?type=3&theater

A GNR confirma ainda que populares tentaram aceder ao terreno: “Pelo facto de, àquela hora, já não existir urgência, uma vez que a situação estava já a ser tratada pelas entidades competentes e por se tratar de propriedade privada, os militares da Guarda impediram os populares de aceder ao espaço”, lê-se no comunicado. “A essa hora [madrugada de domingo], já tinham sido salvos os animais que foi possível salvar”, continua.

O local está agora a ser inspecionado pelo veterinário municipal.

Morreram 52 cães e 2 gatos. Canis, associações e particulares acolheram 190 animais

Segundo a autarquia, 113 animais foram realojados em canis municipais e associações e os restantes 77 foram acolhidos por particulares. “A Câmara Municipal de Santo Tirso irá disponibilizar a todas as associações e aos particulares que acolheram os animais daqueles abrigos a vacinação e esterilização dos animais”, lê-se no comunicado.

O município adianta ainda que durante esta segunda-feira “será feita uma vigilância em toda a área envolvente dos dois abrigos de animais, no sentido de encontrar outros animais que não tenham sido realojados”.

“Relativamente aos animais que morreram em virtude do incêndio que deflagrou no sábado, a Câmara Municipal de Santo Tirso também já recolheu os corpos que foram transferidos para o PET Nordeste”, acrescenta.

Num comunicado divulgado durante a tarde de domingo, a autarquia revelou que morreram 54 animais, dos quais 52 cães e dois gatos, e que apenas pôde executar o plano de retirada durante esse dia “porque não estavam, de acordo com as autoridades de proteção civil, reunidas as condições de segurança para o realojamento dos animais durante a madrugada”.

Fogo em Santo Tirso. Morreram 54 animais de dois canis, os restantes 110 estão a ser distribuídos por associações

Petição ultrapassa as 100 mil assinaturas

Uma petição a pedir “justiça pela falta de prestação de auxílio aos animais do canil cantinho 4 patas em Santo Tirso”, consumido pelas chamas durante a madrugada deste domingo, reuniu já mais de 103.000 assinaturas.

A petição ‘online’ afirma que os agentes da GNR e a proprietária do terreno, situado na Serra da Agrela, em Santo Tirso, “impediram o salvamento dos animais, negando auxílio enquanto ainda se podiam salvar”, adiantando que viviam no canil cerca de 150 animais de companhia.

“Esta situação não pode ficar impune”, afirma o texto, que gerou já dezenas de comentários de indignação, pedindo que “tanto a GNR como a proprietária venham a ser julgados em tribunal e punidos, pelos crimes de maus tratos aos animais de companhia, negligência, e falta de auxílio quando o poderiam ter feito”.

Incêndios. Animal quer apuramento de responsabilidades após fogo que atingiu canil de Santo Tirso

PAN acusa autoridades de negligência

O porta-voz do PAN, André Silva, acusou esta segunda-feira a Câmara Municipal de Santo Tirso, o veterinário municipal e a GNR de “negligência enorme”.

Houve aqui, de facto, uma negligência enorme, diria até um dolo por parte das autoridades, que permitiram que estes animais fossem queimados vivos e que não foram resgatados, nem pelas autoridades nem pelos populares”, disse aos jornalistas.

André Silva prestava declarações em Lisboa, no final de uma visita a um restaurante que está a confecionar refeições para distribuir não só a pessoas sem abrigo mas também a um centro de acolhimento e a outras pessoas em situação de carência.

De acordo com o líder do Pessoas-Animais-Natureza, “as autoridades barraram a entrada e impediram a entrada de dezenas, centenas de pessoas que queriam auxiliar os animais, queriam salvar os animais e foi precisamente por ação última da Guarda Nacional Republicana que não se pôde entrar dentro daquele espaço para resgatar e salvar os animais”.

Também o presidente da Câmara Municipal de Santo Tirso, Alberto Costa (PS), “deverá responder porque é que aquele abrigo não foi fiscalizado, ou se foi fiscalizado porque é que continuava aberto, porque é que mantinha relações institucionais com as detentoras do abrigo”.

O PAN critica também o médico veterinário municipal, alegando que “não se dignou a ir ao local, em fazer cumprir a sua ação, nomeadamente a primeira delas que é salvar e garantir que os animais eram todos salvos e resgatados”.

“Aqui não há qualquer aproveitamento político, o que queremos saber é se vai existir ou não responsabilidade política e criminal destas entidades, que foram completamente omissivas relativamente à vida de centenas de animais”, salientou André Silva, rejeitando as acusações da autarquia, que considerou “lamentável que esta situação esteja a ser alvo de instrumentalização política” para denegrir o trabalho do município no campo do bem-estar animal.

Na sua ótica, os comunicados emitidos pela câmara e pela GNR “apenas servem para se desresponsabilizar estas entidades, que têm uma enorme responsabilidade”.

Quanto à queixa ao Ministério Público por parte do PAN, por “crime contra animais de companhia”, o porta-voz referiu ainda não ter obtido qualquer resposta. “Nós esperamos que as autoridades ajam, esperamos também, a qualquer momento, nem pode ser de outra forma, que o presidente da Câmara Municipal de Santo Tirso encerre aqueles espaços que não têm as condições adequadas para a detenção de animais de companhia”, acrescentou, pedindo “que estas pessoas e que estas entidades possam ser responsabilizadas”.

O porta-voz do PAN considerou “absolutamente lamentável” a “falta clara de interesse e vontade política” e referiu que “este é um caso em concreto de que, de facto, a proteção e o bem-estar animal continuam a não ser uma das prioridades do país”.

André Silva instou ainda os partidos a acompanharem as iniciativas do PAN que vão ser debatidas em especialidade na terça-feira “para alterar o Código Penal e o Código de Processo Penal para que algumas zonas mais cinzentas, mais omissas da lei possam ganhar outra densidade e conferir mais proteção aos animais e para impedir que estas situações aconteçam”, nomeadamente a criminalização do abandono e da morte de animais.

Por seu lado, a deputada não inscrita do PAN Cristina Rodrigues apresentou queixa à Ordem dos Médicos Veterinários, exigindo “ação urgente” às autoridades competentes.

Cristina Rodrigues apresenta queixa à Ordem dos Médicos Veterinários sobre incidente em Santo Tirso