A utilização da lógica do programa “Regressar” na retenção de talento em Portugal, através da criação de incentivos fiscais, é uma das recomendações de um estudo apresentado esta terça-feira pela Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP).

Intitulado “Captação de talentos: Um fator chave de competitividade” o estudo, promovido pela CCP e realizado pela EY, aborda o desafio da captação de talentos, seja através dos recursos aos formados no país e da necessidade de os reter, seja através da atração de não residentes.

O estudo, que será apresentado terça-feira durante um “webinar” promovido pela CCP sobre “Os serviços e a competitividade urbana”, aponta soluções para atrair, mas também para reter talento em Portugal.

Uma delas passa pela aplicação da lógica do programa “Regressar” a uma “tónica preventiva da migração qualificada”, com a criação de benefícios fiscais, “como por exemplo uma taxa de imposto negativa sobre o rendimento para os melhores alunos na forma de um acréscimo percentual ao salário base durante os primeiros anos de trabalho com a condição de que o trabalho seja desenvolvido em Portugal, de modo a tornar o país mais competitivo face a mercados alternativos”.

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Num país em que cerca de um quinto dos inquiridos num inquérito que integra o estudo manifesta intenção de sair de Portugal (sendo que a percentagem de estudantes que assim respondeu supera os 32%), a questão da retenção ganha relevo e sugere a necessidade de repensar de incentivos e estratégias.

Neste contexto, entre as várias recomendações do estudo, surgem ainda criação de incentivos ao empreendedorismo em contexto académico ou a criação de condições que atraiam novo investimento (sobretudo investimento direto estrangeiro) ou ainda de programas de Doutoramento empresarial, cofinanciados pelas empresas, focados em investigação e desenvolvimento das empresas, mas desenvolvidos em ambiente académico.

O estudo recomenda, por outro lado, medidas de atração de portugueses e luso-descendentes não residentes no país, especialmente com experiência de gestão empresarial, de estudantes estrangeiros para o ensino superior e de migrantes altamente qualificados, bem como medidas de apoio a estudantes de doutoramento estrangeiros em Portugal ou ainda o desenvolvimento de políticas urbanas locais que reforcem a atratividade das cidades.

A par da atração e da retenção é também preciso, sugere o estudo, potenciar talento, evitando distorções entre a oferta e as necessidades do mercado.

Além deste estudo, neste “webinar” foi apresentado um outro, dedicado à “Economia da longevidade e as mudanças na gestão do capital humano”, que aborda a questão do aumento da esperança média de vida, da descida da taxa de natalidade e da necessidade da existência de uma estratégia de conversão de Portugal num país “age friendly” (amigo das pessoas mais velhas ) e “longevity friendly”, seja pela necessidade de tirar proveito da longevidade da população no crescimento económico, seja pela necessidade de integrar as pessoas mais velhas.

Nesta conferência “online”, foi também apresentado o Observatório “Serviços, competitividade urbana e coesão territorial”, promovido pela CCP, cujo plano de ação prevê a constituição de grupos de reflexão (GR) sobre temas específicos relevantes ou ainda a realização de estudos de avaliação ou análise de impacto de medidas/políticas e a preparação e execução de “experiências piloto inseríveis numa lógica de ‘eficiência coletiva’ e que permitam trabalhar metodologias e conceitos partilhados, quer adotando referenciais comuns, quer potenciando o chamado ‘efeito de rede'”.