Há várias horas que a erupção era esperada e na ilha de São Vicente e Granadinas, país das Pequenas Antilhas, a evacuação já estava em marcha. Esta sexta-feira, ao início da manhã, o Soufriere, um vulcão do sul da Caraíbas, entrou em erupção.

“Às 8h41 (13h41 em Lisboa), uma erupção explosiva deflagrou no vulcão Soufriere, em São Vicente. É o ponto culminante da atividade sísmica que começou a 8 de abril. A erupção ainda decorre”, anunciou o Centro de Pesquisa Sísmica da Universidade das Índias Ocidentais em Trinidad e Tobago, na sua conta na rede social Twitter.

As imagens, publicadas por utilizadores ou por instituições locais, correm nas redes sociais. A enorme nuvem de cinzas (a pluma vulcânica) é visível e já levou as autoridades a emitir alertas sobre a necessidade da população se proteger da inalação de cinzas. Segundo a mais recente conferência de imprensa, a pluma vulcânica tem 10 quilómetros de altura.

Ainda na conferência de imprensa, que teve lugar às 11h00 locais, foi deixado o alerta de que as erupções explosivas poderão continuar durante vários dias e até mesmo semanas. Este tipo de explosão vulcânica é caracterizado por lavas muito viscosas e que, por fluírem com dificuldade, impedem a libertação de gases, levando a violentas explosões. É também usual que, devido à viscosidade, a lava crie cúpulas (estruturas arredondadas).

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Na véspera da erupção, o primeiro-ministro Ralph Gonsalves tinha emitido uma ordem de evacuação obrigatória para a zona norte da ilha, que afetava então cerca de 1.600 pessoas, por se esperar que um “desastre” pudesse atingir aquela parte do país que, no total, tem cerca de 110 mil habitantes nos seus 400 quilómetros quadrados.

Para transportar os cidadãos deslocados, foram enviados para a ilha vários navios cruzeiros — da Royal Caribbean e da Carnival Cruise Line — que irão levar os refugiados para outras zonas do país ou para ilhas próximas.

As ofertas de ajuda internacional têm chegado de países próximos, como da ilha de Dominica, Jamaica ou da Venezuela, com Ralph Gonsalves a agradecer toda a solidariedade no Twitter. Santa Lúcia, Granada, Barbados e Antígua são algumas das ilhas que já aceitaram receber refugiados.

Há quase 42 anos que o La Soufriere, apesar de ativo, não entrava em erupção. A designação de vulcão ativo divide os vulcanólogos: alguns só consideram um vulcão ativo quando está em erupção ou mostra sinais de instabilidade (sismos e emissões de gases), outros usam a expressão desde que tenha tido erupções históricas. É este o caso do vulcão caribenho: o fenómeno volta a acontecer quatro dias antes desse aniversário: a última erupção foi em 1979, na segunda sexta-feira de abril, dia 13, e, agora, em 2021, volta a acontecer na segunda sexta-feira de abril, dia 9.

Antes de 1979, as erupções registadas do vulcão La Soufriere aconteceram em 1902, 1812 e 1718.