Depois de um EQC 400, o seu primeiro modelo 100% eléctrico que estava à altura dos pergaminhos da marca em termos de qualidade, mas não impressionava em autonomia, a Mercedes decidiu apostar tudo no novo EQS, uma espécie de Classe S, mas alimentado exclusivamente a bateria. Para começar, concebeu-o sobre uma plataforma nova e específica para veículos a bateria, para depois o envolver com uma carroçaria não muito elegante mas muito aerodinâmica, com um Cx de 0,20, o melhor do mercado, à frente do Model S da Tesla (0,208) e do Porsche Taycan (0,22).

Os sacrifícios para tanta eficiência foram vários, de uma grelha tapada a um capot que nem sequer abre, para que as juntas não prejudiquem o fluxo do ar que passa sobre a carroçaria. Depois, a longa linha do tejadilho e a grande inclinação do pilar traseiro, que disfarça a quinta porta do EQS, completam o conjunto e justificam os 0,20, sendo que este valor apenas é válido para o EQS 450+, uma vez que o EQS 580+, mais potente e com pneus mais largos, já sobe para 0,209.

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Duas baterias e até 770 km de autonomia

A Mercedes não revela ainda a distância entre eixos, mas tem de ser generosa, uma vez que o construtor alemão consegue acomodar uma bateria com 107,8 kWh de capacidade. Para reforçar esta conclusão temos igualmente que considerar os 5,216 metros de comprimento do EQS, sector em que ultrapassa os maiores concorrentes (Model S, Taycan e e-tron GT), que apenas afloram os 5 metros.

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Como seria de esperar, uma bateria grande é bom para a autonomia, mas não para o preço e, sobretudo, para o peso, pelo que o EQS com dois motores e tracção integral anuncia 2585 kg, valor consideravelmente superior aos 2069 kg do Model S Long Range com 670 cv, aos 2380 kg do Taycan Turbo com 680 cv (com overboost) ou aos 2422 kg do RS e-tron GT com 646 cv (com overboost).

Mais tarde surgirão as versões mais baratas, com bateria de apenas 90 kW, mas no lançamento apenas estará disponível o acumulador com 107,8 kWh úteis, que é a maior bateria do mercado, capaz de recarregar a 200 kW em DC, ou 11 kW em AC (opcionalmente 22 kW). Além de grandes, as baterias da Mercedes são montadas com células fabricadas pelos chineses da CATL com uma química NCM 811, o que se traduz por 80% de níquel, 10% de manganês e 10% de cobalto, para reduzir os custos, uma vez que este último é o material mais caro entre os utilizados para fabricar os acumuladores.

Motor atrás ou dois motores

O novo topo de gama eléctrico vai chegar aos principais mercados europeus a partir do Verão, inicialmente com as versões EQS 450+ e EQS 580 4Matic. O 450+ monta apenas um motor eléctrico com 333 cv e 568 Nm no eixo traseiro, possuindo por isso exclusivamente tracção atrás. Esta versão, que deverá ser proposta na Alemanha a partir de 110.000€, é capaz de atingir 210 km/h e superar os 0-100 km/h em 6,2 segundos.

O mais potente e sofisticado dos EQS é o 580 4Matic, que alia ao motor traseiro uma segunda unidade montada à frente, de forma a garantir tracção integral. No total são 523 cv e 855 Nm de binário, que se não altera a velocidade máxima (210 km/h), reduz os 0-100 km/h para 4,3 segundos. Para quem deseja berlinas eléctricas com músculo, a Mercedes promete para breve uma versão AMG, com 760 cv.

O Mercedes EQS parece manter a tradicionalmente elevada qualidade de construção da marca, com o vistoso sistema MBUX a atrair visualmente com os seus três ecrãs individuais, revestidos por um plástico único. Mas a grande aposta do construtor alemão parece residir na autonomia, que ao prometer 770 km para a versão EQS 450+ com bateria de 107,8 kWh, propõe uma berlina eléctrica com uma autonomia ao nível de muitos concorrentes a gasóleo. Acima de tudo, embaraça os rivais germânicos que avançam com autonomias ligeiramente acima dos 400 km, caso do Taycan e do e-tron GT.

Ainda falta saber qual a autonomia reivindicada pelo EQS com quatro rodas motrizes, mas esta aposta da Mercedes vem provar que, afinal, os clientes sempre dão importância à distância que conseguem percorrer entre recargas. O novo Mercedes é apenas batido pelo Model S Plaid+ da Tesla, que anuncia 840 km de autonomia, 2,1 segundos de 0-100 km/h e 322 km/h.