A Federação Portuguesa de Futebol (FPF) anunciou esta quarta-feira que a última jornada do campeonato vai ter público nas bancadas. Só poderão entrar adeptos do clube da casa, com teste negativo à Covid-19 e para encher apenas 10% da lotação.

De acordo com um comunicado difundido pela FPF, “os jogos da última jornada da Liga NOS vão ter público nas bancadas, sendo autorizada a presença de 10 por cento da lotação dos estádios“.

“O acesso aos estádios será exclusivamente destinado aos adeptos dos clubes visitados que devem apresentar à entrada do recinto o resultado negativo de um teste rápido para Covid-19. Os clubes devem seguir as orientações que foram aplicadas nos testes-piloto já realizados”, acrescenta a FPF.

Os jogos de teste aconteceram no final do ano passado em partidas da Seleção Nacional, da Primeira Liga e da II Liga — e a dinâmica da testagem, ocupação de bancadas e seguimento dos eventuais casos de Covid-19 foi acompanhada por um grupo especializado criado entre a DGS e a Liga.

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A decisão foi tomada depois de várias reuniões da Liga Portugal e da Federação Portuguesa de Futebol com as autoridades de saúde pública e o governo e que se intensificaram nas últimas semanas“, continua a FPF em comunicado, salientando que “o plano apresentado pelas entidades desportivas contou com a colaboração e validação da Direção Geral da Saúde”.

Os jogos da última jornada da Liga NOS são eventos-teste que podem viabilizar o regresso de público aos estádios”, terminou a FPF.

No caso dos estádios situados nas regiões autónomas (Santa Clara nos Açores e Nacional na Madeira), as regras aplicam-se em respeito pelas determinações das autoridades regionais de saúde. Já o jogo entre o Vitória de Guimarães e o Benfica, agendado para o dia 19 de maio, não terá público no estádio uma vez que o clube de Guimarães está a cumprir castigo devido a incidentes com Marega.

A decisão de acolher público nos estádios na última jornada do campeonato foi anunciada um dia depois de o Sporting se ter sagrado campeão num jogo contra o Boavista realizado com as bancadas vazias — mas com milhares de adeptos concentrados à porta do estádio a assistir à transmissão através de um ecrã gigante.

O grande contraste entre o vazio das bancadas e a multidão à porta levou a uma pergunta aparentemente óbvia: se o estádio tivesse aberto as portas e acolhido os adeptos de modo organizado, teria sido possível evitar que os festejos se transformassem numa noite de violência e confrontos com a polícia?

Como um dia de festa para o Sporting acabou em noite de violência – e o que falhou no plano que estava preparado

O secretário de Estado do Desporto, João Paulo Rebelo, desvalorizou esta quarta-feira a questão, sublinhando que a abertura dos estádios aos adeptos na última jornada não foi decidida em resposta aos confrontos do festejo do título e acrescentando que não seria uma antecipação dessa decisão que resolveria o problema. “Da experiência que tenho enquanto secretário de Estado do Desporto, há uma coisa que posso adiantar, independentemente de o estádio estar aberto, assistiríamos na rua àquilo a que assistimos“, disse Rebelo, acrescentando que “o público faz parte” do desporto e que é preciso “encontrar forma para que isso aconteça sem pôr em causa o essencial”.

Já Marcelo Rebelo de Sousa garantiu também esta quarta-feira que a decisão de permitir o regresso do público aos estádios na última jornada já estava decidido antes do jogo do Sporting. “É um gesto simbólico que pode ser importante numa modalidade mas que deve ser alargado a outras modalidades progressivamente, para que se não fique com a impressão de que o desporto vai parar como parou, quase em absoluto, exceto uma ou duas provas durante muito tempo. É um gesto simbólico, pensado e disciplinado, em termos sanitários“, disse o Presidente da República.