O vencimento dos CEO dos grandes fabricantes de automóveis não depende exclusivamente dos salários. Para incentivar a excelência da gestão, apesar de isto muitas vezes conduzir a abusos como o Dieselgate (em que maximizaram artificialmente os resultados para que a compensação fosse mais choruda), os CEO, bem como o resto da administração, têm uma forte componente salarial que depende do prémio atribuído consoante os resultados do ano.

Não é fácil conhecer ao detalhe a remuneração dos gestores japoneses, pois, de acordo com a Automotive News, são pouco dados a este tipo de divulgação. Ainda assim, o maior construtor do mundo, a Toyota pagou a Akio Toyoda, bisneto do fundador do grupo, 379 milhões de ienes, aproximadamente 3,5 milhões de dólares, ou 2,9 milhões de euros. Isto referente a 2018, pois não foi possível descobrir elementos mais recentes. Bem mais fácil é conhecer os segredos financeiros dos gigantes europeus e norte-americanos, substancialmente mais abertos à partilha deste tipo de informações. O gigante americano General Motors declarou que pagou a Mary Barra, a sua CEO, um salário em 2020 de 2 milhões de dólares, mas isto foi apenas o início, pois a gestora de 61 anos, aos comandos da empresa desde 2014, recebe ainda prémios no valor de 3,8 milhões de dólares e 13,1 milhões em acções.

A sua rival Ford, liderada desde 2020 por Jim Farley, pagou ao seu CEO 11,8 milhões de dólares, um pouco menos do que o seu antecessor, Jim Hackett, tinha auferido no ano anterior. A Fiat Chrysler Automobiles, que em 2020 ainda era uma empresa independente, antes da fusão com a PSA para formar a Stellantis, remunerou o seu CEO, Mike Manley, com 14,2 milhões de dólares.

Na Europa, a Daimler pagou ao seu CEO Ola Kallenius 1,34 milhões de euros em salários, em 2019, a que o gestor somou 3,5 milhões de euros em incentivos, valor que foi amputado em 20% em 2020, devido à pandemia. Por comparação, a Volkswagen AG, o maior grupo europeu que produz um total próximo dos 10 milhões de veículos por ano, compensou pelo seu desempenho o CEO Herbert Diess com 8,1 milhões de euros. Numa escala menor, a Ferrari, que fabrica anualmente apenas 10.000 unidades, entregou a Louis Camilleri, o CEO em 2020, 363.960€ em salários e 11.886€ em prémio, além de um Ferrari como carro de serviço.

Da listagem avançada pela Automotive News, o CEO mais bem pago da indústria automóvel é Elon Musk, o responsável pela Tesla, de que possui mais de 20%. Sucede que quando Musk apresentou em 2018 o seu plano para a empresa nos próximos anos, foi considerado tão arriscado pela administração que, para demonstrar a sua confiança na estratégia, o empresário prontificou-se a trabalhar de forma gratuita, recebendo apenas prémios, em acções da Tesla, caso atingisse anualmente determinados resultados Ebitda e de valorização bolsista. Estes pagamentos, divididos em tranches, permitiram a Musk adquirir, em 2020, 50,6 milhões de acções pelo valor contratado de 70,01 dólares o título, num período em que eram transaccionadas a 700 dólares. Só isto representou um encaixe de 32 mil milhões de dólares para a carteira do CEO e maior accionista da Tesla, fruto de um plano de pagamentos em que o gestor arriscava não receber nada, mas acabou por torná-lo o mais bem pago do mercado.

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