Teve uma primeira ameaça, de cabeça, logo a abrir. Lloris defendeu. E teve mais um voo daqueles em que parece parar no ar enquanto os outros já aterraram mas com o desvio a sair por cima. Aí, Lloris não teve de defender. Antes e depois, Lloris não teve hipóteses e Ronaldo, que nunca tinha marcado à França, enganou duas vezes o guarda-redes francês para carimbar o empate que valeu o apuramento a Portugal e também o reconhecimento de melhor marcador de sempre de seleções, igualando os 109 golos marcados pelo iraniano Al Daei.
Este era aquele recorde que Ronaldo sempre teve na cabeça. Não falava dele em público, dizia que eram os recordes que o perseguiam, mas era um dos marcos que estava apostado em bater há muito. Conseguiu, logo no maior dos palcos continentais e logo num duelo entre campeões europeus e mundiais. Com isso, ficou acima de tudo e todos. E completou a maioridade de um ciclo iniciado em 2003 pela Seleção, quando foi chamado pela primeira vez à equipa principal de Portugal para um particular em Chaves – e em 2004, a marcar.
Quem é Ali Daei, o goleador que Ronaldo igualou como melhor marcador de sempre de Seleções
Comecemos pelo que aconteceu esta noite, em Budapeste, com mais dois golos do capitão da Seleção frente a uma equipa a quem nunca tinha marcado entre Europeus, Mundiais e Liga das Nações.
- Ronaldo igualou Ali Daei como o melhor marcador de sempre de seleções com 109 golos;
- Ronaldo passou a ter esses 109 golos distribuídos por 44 seleções diferentes, sendo que antes da França também nunca tinha marcado à Alemanha e quebrou também essa barreira (se juntarmos todos os adversários entre equipas nacionais e clubes já fez golos a 162 adversários que encontrou pela frente);
- Ronaldo isolou-se na liderança dos melhores marcadores da presente edição do Europeu com cinco golos e uma assistência apenas em 270 minutos de três encontros tendo pela frente Hungria, Alemanha e França (com a curiosidade de ter transformado os três penáltis num Europeu com mais castigos máximos falhados do que convertidos até ao momento, como voltou a acontecer no encontro da Espanha com a Eslováquia)
- Ronaldo tornou-se também de forma isolada o jogador com mais golos em fases finais de Europeus e Mundiais (21, com 13 em Europeus e oito em Mundiais), superando o alemão Miroslav Klose (19).
Antes, desde que começou o Campeonato da Europa, o avançado já tinha alcançado outros recordes ligados ao Campeonato da Europa, alguns deles que só poderão ser batidos daqui a uma década e meia.
- Ronaldo tornou-se o primeiro jogador de sempre a participar e marcar em cinco edições do Campeonato da Europa, a primeira das quais na prova organizada por Portugal, em 2004, quando tinha apenas 19 anos;
- Ronaldo ultrapassou os jogos realizados em fases finais de grandes competições (41, entre Europeu e Mundial) de Bastian Schweinsteiger, ex-médio da Alemanha, juntando os 24 jogos em cinco Europeus aos 17 encontros entre os Mundiais de 2006 (Alemanha), 2010 (África do Sul), 2014 (Brasil) e 2018 (Rússia);
- Ronaldo tornou-se o melhor marcador de sempre em fases finais de Europeus, superando os nove golos de Michel Platini numa só edição, no fatídico ano (pelo menos para as cores nacionais) de 1984: marcou dois em 2004, um em 2008, três em 2012, três em 2016 e mais cinco em 2020 – e ainda pode melhorar os 13;
- Ronaldo passou a ser o jogador com mais vitórias em jogos da fase final do Campeonato da Europa (12), superando os 11 triunfos que tinha conseguidos antes pelos espanhóis Cesc Fàbregas e Andrés Iniesta;
- Ronaldo já tinha bisado à Hungria em 2016, tinha bisado em 2012 diante da Holanda e voltou a marcar dois golos no mesmo encontro frente à formação magiar, passando assim a ser o primeiro na história de fases finais de Europeus a bisar em três edições, superando Gerd Müller (1972), Michel Platini (1984), Rudi Völler (1984 e 1988), Wayne Rooney (2004) e Antoine Griezmann (2016);
- Ronaldo conseguiu também tornar-se o primeiro jogador europeu com dois ou mais golos em pelo menos quatro fases finais do Europeu, ultrapassando o registo do sueco Zlatan Ibahimovic (2004, 2008 e 2012) com dois golos em 2004, três golos em 2012, três golos em 2016 e agora cinco golos (pelo menos) em 2020.
E ainda antes desta fase final do Campeonato da Europa, onde chegou com 36 anos, Ronaldo já tinha batido outros registos históricos não só no futebol europeu, onde representou após o Sporting o Manchester United, o Real Madrid, a Juventus e a Seleção, mas também a nível global, em torno do número de golos e não só.
- Ronaldo tornou-se o jogador que mais vezes representou Portugal, levando nesta altura um total de 178 internacionalizações pela Seleção A (a que se juntam todas as outras que teve a partir dos Sub-15);
- Ronaldo passou a ser o primeiro jogador português a marcar presença em nove fases finais de grandes competições entre Europeus e Mundiais, tendo marcado pelo menos um golo em todas as competições;
- Ronaldo foi o capitão das duas equipas de Portugal que conseguiram ganhar títulos na Seleção A: o Campeonato da Europa de 2016, em França, e a Liga das Nações de 2019, em Portugal;
- Ronaldo tornou-se o primeiro jogador português a ganhar mais do que uma Bola de Ouro (registo que tinham Eusébio e Luís Figo), levando nesta fase cinco nos anos de 2008, 2013, 2014, 2016 e 2017;
- Ronaldo passou a ser o jogador com mais golos de sempre entre clubes e Seleção em termos oficiais, passando o legado do antigo goleador brasileiro Pelé e levando nesta altura um total de 783 golos;
- Ronaldo foi o primeiro jogador a marcar mais de 100 golos na Liga dos Campeões, sendo nesta altura o melhor marcador de sempre da principal competição europeia de clubes com 134 golos;
- Ronaldo tornou-se o primeiro jogador de sempre a ganhar Campeonato, Taça, Supertaça e título de melhor marcador (Liga dos Campeões só não conseguiu no atual clube) com pelo menos 100 golos em cada em três países diferentes: Inglaterra (Manchester United), Espanha (Real Madrid) e Itália (Juventus);
- Ronaldo conseguiu chegar a melhor marcador do Real Madrid, com um total de 451 golos em jogos oficiais ao longo de nove temporadas no Santiago Bernabéu onde ganhou um total de 16 títulos;