A CP realizou 220 das 257 ligações ferroviárias que tinha programadas até às 08h00 desta sexta-feira, em dia de greve dos trabalhadores da empresa e da Infraestruturas de Portugal (IP), segundo fonte oficial da empresa.

De acordo com o balanço feito pela CP cerca das 08h40, dos 37 comboios suprimidos, 26 são do serviço regional, seis urbanos do Porto, três urbanos em Lisboa e dois de longo curso. A greve dos trabalhadores da CP — Comboios de Portugal, da IP e das suas empresas filiadas (IP Telecom, IP Património e IP Engenharia) foi convocada pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Setor Ferroviário (SNTSF) e pela Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (Fectrans), que reclamam um aumento geral dos salários.

O tribunal arbitral do Conselho Económico e Social (CES) não fixou serviços mínimos para esta greve, considerando que “o impacto na mobilidade das pessoas não é muito elevado”, tendo sido suprimidos quatro comboios de serviço regional. Contactado, José Manuel Oliveira, da Fectrans, disse que as perspetivas apontam para uma forte adesão à greve e muitas perturbações no serviço prestado ao público: bilheteiras e comboios.

“O balanço é positivo. A partir da meia-noite começámos a verificar muitos postos de trabalho encerrados, que teve como consequência a supressão de alguns comboios, quer na linha do Oeste, na Linha do Norte e Linha do Sado. Tivemos também alguns comboios que não vão até ao destino, ficando em estações anteriores porque há muitas estações fechadas”, disse. José Manuel Oliveira remeteu para mais tarde dados sobre a greve.

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Em declarações à rádio observador, Isabel Camarinha, secretária-geral da CGTP, garante que há um “descontentamento generalizado” dos trabalhadores, que não veem a profissão valorizada

Greve da CP. “Governo está a bloquear aumento salarial”

A CP já alertou para possíveis perturbações em todos os serviços, destacando que os clientes que já tenham comprado bilhetes para os comboios dos serviços Alfa Pendular, Intercidades, Internacional, InterRegional e Regional, podem solicitar o “reembolso total do bilhete, ou a sua revalidação, sem custos”. Segundo o SNTSF e a Fectrans, as orientações do Governo para as empresas do setor “são de contenção e congelamento dos salários”, pelo que “há razão para que a luta na IP e empresas aliadas seja coincidente com a da CP, que têm ambas a mesma tutela governamental”.

Os trabalhadores destas empresas querem ver valorizados os seus salários que, cada vez mais, se aproximam do salário mínimo nacional e porque é uma reivindicação de todos, entendemos que é necessário que a luta seja, cada vez mais, abrangente e com trabalhadores de todas as categorias e profissões” afirmam as estruturas sindicais.

O acórdão do tribunal arbitral do CES prevê algumas exceções, como a garantia da “prestação, durante a greve, dos serviços necessários à segurança e manutenção do equipamento e instalações” e dos “serviços necessários para levar aos seus destinos os comboios que se encontrem em marcha à hora do início da greve” (00h00 desta sexta-feira) e para circulação do ‘comboio socorro’.

Ainda assegurada deverá ser a disponibilização de um “canal para a realização de transporte de mercadorias perigosas e perecíveis” e, nos serviços de telecomunicações, a “manutenção corretiva e supervisão da rede”, num total de oito trabalhadores. Esta nova paralisação segue-se à greve dos trabalhadores da IP que se realizou em 2 de junho e que provocou perturbações significativas na circulação de comboios. Já na CP, decorreu entre 6 e 8 de junho uma greve de três dias dos revisores e trabalhadores das bilheteiras que registou, também, impacto na circulação de comboios.