Os checos não têm sido simpáticos para os Países Baixos no que toca a Europeus. E nem é preciso recuar 20 anos para encontrar ocasiões em que os holandeses não conseguiram ganhar à República Checa. E com consequências. Em 2004, no Estádio Municipal de Aveiro, os laranjas até estiveram a ganhar por 2-0, mas viriam a ser derrotados por 3-2, com ambas as equipas a defrontarem-se com gerações de maior nomeada. Mais recentemente, os checos não deixaram os Países Baixos viajarem até França para o Euro 2016, vencendo-os por duas vezes no grupo de qualificação.

Curiosamente, se recuarmos até ao Euro 2000, foram os holandeses a vencer com um golo de penálti, em cima do minuto 90′, de… Frank de Boer, atual selecionador dos Países Baixos.

Com os Países Baixos, até ao jogo deste domingo, a marcarem dois ou mais golos nos últimos dez jogos, muito do jogo checo teria de passar por estancar as maiores virtudes da laranja mecânica, por mais complicado que isso se perspetivasse. Os alas holandeses, principalmente Dumfries pela direita, correram como têm corrido. Sem surpresas, os melhores lances da equipa foram pelas alas, quando estes conseguiram criar efetivamente alguma superioridade. Porque, de resto, os checos revelaram grande vontade e organização, impedindo praticamente sempre que os holandeses conseguissem construir com facilidade, obrigando-os a jogar longo várias vezes.

Ao intervalo, o resultado era justo, até porque boas oportunidades houve uma para cada lado, mas o destaque ia sem dúvidas para o jogo da República Checa. Perante tudo isto, os adeptos que encheram a Puskás Aréna, em Budapeste, e que não se calaram durante todo o jogo, podiam sentir-se satisfeitos com o jogo de futebol a que estavam a assistir.

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Logo a arrancar o segundo tempo, por volta dos 50′, um toque de Depay deixa a bola em Malen, que velocíssimo colocou-se na cara do guardião Vaclík, mas ao invés de finalizar tentou fintar o adversário, com o guarda-redes checo a manter-se firme e a cair para negar a finta e um potencial golo.

Poucos minutos depois, De Ligt, que já tinha evitado um golo na primeira parte, tenta evitar que Schick se isole perante Stekelenburg depois de um lance dividido. O problema? Meteu a mão à bola, fora da área, e era o último defesa. O resultado foi o esperado: vermelho direto para o jovem defesa da Juventus.

E se nos primeiros instantes os checos ainda se estavam a habituar, o certo é que logo de seguida conseguiram assumir o jogo, juntando esse facto à boa pressão e grande capacidade física que demonstravam desde o início do jogo.  Aos 65′, boa oportunidade para Kaderabek, mas Dumfries cortou o remate. Se a bola passa, Stekelenburg estaria em maus lençóis.

Os Países Baixos estavam numa situação complicada e que só piorou depois do golo checo, marcado por Holes aos 68′. O mesmo Holes, à entrada para os últimos dez minutos, antecipou-se a dois holandeses, acredita no lance e em si, colocou-se em excelente posição e mete a bola em Schick, goleador checo, que fez assim o 2-0 e o seu quarto golo no Euro 2020.

Até ao final, os holandeses bem tentaram, mesmo com menos um, mas a meritocracia ainda funciona e a Rep. Checa, cujos jogadores bem precisam de descansar, segue em frente para defrontar a Dinamarca. A última vez que chegaram aos quartos de final de um Euro, os checos perderam com uma seleção chamada Portugal, com um golo de um tal de Cristiano Ronaldo…

O jogo a três toques

Para recordar

Ninguém esperava que os checos conseguissem, durante 90 minutos, impedir que os holandeses tivessem um lance de perigo. Eles aconteceram, claro, mas o plano de jogo da Rep. Checa foi praticamente perfeito. Mais importante que isso: resultou. Bolas dividas? Sim. Pressão alta? Sim. Obrigar a jogar longo? Sim. Os checos fazem “check” em praticamente tudo o que tinham de fazer para ultrapassar os Países Baixos e são justos vencedores.

Para esquecer

É um grande jogador e até fez uma boa primeira parte, evitando o que poderia ter sido um golo dos checos, mas De Ligt fica na história do jogo pelos piores motivos. O cartão vermelho após um descuido complicou ainda mais a vida aos Países Baixos, que já estavam a braços com a intensidade da Rep. Checa. Pouco depois, os holandeses sofreram golo quando estavam um pouco mais recuados, pelo que é impossível dissociar a expulsão da derrota.

Para valorizar

Depois de três golos na fase de grupos, Patrik Schick anotou este domingo mais um remate certeiro, após assistência de Holes (que também fez um golo). Como tem sido hábito, finalizou com qualidade. Fica na memória o(s) golo(s) de Schick, mas o avançado do Bayer Leverkusen é a ponta de um icebergue que gelou totalmente os Países Baixos.