O PSI20 tem tido um desempenho abaixo dos principais índices bolsistas da Europa e dos Estados Unidos, o que analistas contactados pela Lusa consideram o normal reflexo das maiores fragilidades da economia portuguesa.

“O comportamento do PSI20 é uma cópia da economia nacional, pouco diversificada, mas principalmente com uma componente muito reduzida da tecnologia no bolo global. Ora, num mundo onde a tecnologia já vale mais do que os setores tradicionais, é natural que o comportamento do PSI20 também fique muito aquém dos restantes índices principais”, segundo o analista da ActivTrades Mário Martins.

Opinião semelhante tem Henrique Tomé, da XTB, considerando que, pela dinâmica da economia portuguesa e pelas próprias cotadas que estão no PSI20, “não é um índice apelativo numa vertente de investimento”.

“O PSI20 ainda está a recuperar do efeito pandemia. Numa altura em que índices dos EUA e europeus batem novos máximos, o PSI20 está a anular perdas”, afirmou.

No início de fevereiro de 2020 estava nos 5.458 pontos e esta sexta-feira fechou nos 5.488 pontos, pouco acima.

Já o presidente da Maxyield — Clube dos Pequenos Acionistas, Carlos Rodrigues, afirmou que, até final de agosto, o ritmo de crescimento do PSI20 tem-se aproximado do dos índices europeus e dos Estados Unidos, mas acompanha “com atraso a recuperação bolsista a nível internacional”. Aliás, considera, o PSI20 está numa zona de resistência.

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Sobre a mudança de designação, anunciada pela Euronext de PSI20 para PSI, que se concretizará em março de 2022, Henrique Tomé vê como positivo, pois “não faz sentido ter empresas cotadas em bolsa quando o desempenho dessas empresas é francamente baixo”.

“Mais vale qualidade em vez de quantidade. A nova designação é justa e as novas medidas acabam de beneficiar a médio/longo prazo o desempenho do PSI20”, afirmou.

Sobre empresas que poderão sair, o analista não quis adiantar, já sobre entradas afirmou que a Greenvolt tem tido um desempenho bastante satisfatório e está num setor em expansão, de energia, e pode entrar em breve no PSI20. Aliás, Greenvolt — Energias Renováveis SA (pertence à Altri) já disse que queria fazê-lo em setembro.

“Em capitalização bolsista já ultrapassou varias empresas cotadas PSI20 [Pharol, Novabase, Ramada, Ibersol, Mota-Engil] e está próxima dos CTT”, disse Henrique Tomé.

O PSI20 terá em setembro a sua revisão trimestral, será anunciada no dia 08 (próxima quarta-feira) com entrada em vigor no dia 20 de setembro, tendo como base os dados das empresas até 31 de agosto.

Para já, mesmo após a revisão deste mês, o índice ainda ficará com um mínimo de 18 empresas.

Contudo, aquando da revisão anual do PSI20 — a próxima é em março de 2022 — , o índice deverá passar a ter menos de 18 cotadas, já que esta regra desaparece. Aliás, nessa altura mudará de designação para apenas PSI.

Nessa data, disse a gestora da bolsa, “a metodologia do índice também será ajustada para melhorar a liquidez e a eficiência do índice e para melhor responder às necessidades dos utilizadores”.

Além de deixar de ter obrigatoriamente pelo menos 18 empresas cotadas, o limite inferior do ‘free float’ da capitalização bolsista das empresas constituintes (valor das ações de uma empresa que estão efetivamente em circulação) passará a ser de 100 milhões de euros.