O Grupo de Ação para a Reabilitação do Ramal da Alfândega (GARRA) considera que o Porto deve investir na mobilidade, reabrindo a Ponte D. Maria para uso pedonal e ciclável, na criação de espaços verdes e na ação social.

Em comunicado, o grupo ativista que ressurgiu em julho de 2020, 15 anos após a sua criação, para entrar no debate sobre o futuro do Ramal da Alfândega, refere que reuniu, alargou o âmbito da sua ação”, tendo, nos últimos meses, apresentado a todos os partidos e movimentos com representação na Assembleia Municipal do Porto quatro propostas.

As propostas, explica o GARRA, incidem sobre a mobilidade, o património, as pessoas sem-abrigo e o espaço público, e em comum tem o facto de implicarem “investimentos reduzidos para um impacto distribuído por toda a cidade, em especial nas zonas e junto das populações mais desfavorecidas”.

Em matéria de mobilidade, o grupo de cidadãos insiste que a solução para o Ramal da Alfândega deve passar pelo transporte público, sugerindo que no imediato se avance já com a utilização de autocarros.

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“Os resultados do estudo de procura da FEUP, e sem considerar turistas no Ramal, apontam para entre 7.000 e 8.000 passageiros diários, bem acima de vários troços da rede de Metro. O Ramal está há um ano nas mãos da CM Porto, e é uma oportunidade única para melhorar a mobilidade entre o centro histórico do Porto e o grande pólo intermodal da região Norte. Comecemos com autocarros para não perdermos mais tempo”, defendem em comunicado.

Em abril, numa iniciativa que marcou o arranque do debate público sobre o destino a dar ao Ramal da Alfândega, desativado desde 1989, Pedro Pardinhas, um dos ativistas GARRA, considerou que a opção pelo transporte público é a mais indicada, acrescentando que a fruição do espaço pode ser alcançada através da requalificação de outros espaços, nomeadamente, a marginal.

Ainda em matéria de mobilidade, o GARRA defende a reabertura da Ponte D. Maria ao público, destinando-a “100%” a uso pedonal e ciclável, ou até para um “veículo vai-vem”.

“É um monumento nacional sem uso há 30 anos, mas que se encontra em bom estado estrutural. Podemos torná-la útil simplesmente reparando o tabuleiro, criando barreiras laterais e limpando os acessos em ambas as margens; com mais investimento pode-se celebrar o legado de Eiffel, valorizar a parte oriental da cidade, e criar um novo local a não perder no Porto, para portuenses e turistas”, assinalam.

Entendem ainda que a rede de restaurantes solidários deve ser alargada, criando pelo menos dois novos nas zonas Boavista e Pinheiro Torres e que devem ser asseguradas novas soluções de alojamento de longa duração para sem-abrigo.

“Só existem três restaurantes solidários em toda a cidade, dois dos quais muito próximos; faz falta cobrir vastas áreas da cidade, para servir com mais humanismo, qualidade técnica e potenciar a inserção da população sem-abrigo e daqueles que recorrem às ruas para encontrar alimentos”, referem os ativistas.

Quanto ao alojamento, o grupo considera que é preciso libertar as camas de emergência, essenciais para se tirar rapidamente as pessoas da rua, que estão hoje ocupadas por utentes de longo prazo, dando-lhes opções de longa duração.

Por outro lado, o GARRA defende a criação de um espaço verde de proximidade, com parque infantil e instalações desportivas, “a 10 minutos a pé de todos os portuenses”, abrindo, nomeadamente escolas à comunidade nos fins de semana e férias escolares ou cuidando das áreas verdes e espaços polidesportivos descobertos dos bairros municipais, e instalando parques infantis.

“Temos que usar inteligentemente as infraestruturas que temos, colocando-as ao serviço de todos. Pode implicar pequenos investimentos em vedações e vigilância, que serão claramente compensados pela fruição coletiva do espaço”, afirma o Garra que espera que estas ideias possam ser discutidas na campanha eleitoral em curso e concretizadas no próximo mandato autárquico, até 2025.