Olhava-se para um lado e estava o esloveno Tadej Pogacar. Para o outro, o italiano Filippo Ganna. E ainda para outro, o francês Rémi Cavagna. Isto sem contar com os dois últimos campeões, o suíço Stefan Küng e o belga Remco Evenepoel. A competitividade no ciclismo internacional atinge nesta fase um expoente máximo e era neste contexto que João Almeida e Rafael Reis entravam no contrarrelógio do Campeonato da Europa, confirmando a evolução de Portugal que foi feita em paralelo com um rejuvenescimento da modalidade. Por isso, à partida para a prova, o objetivo do ainda corredor da Deceuninck Quick-Step que na próxima época vai passar a representar a UAE Team Emirates passava por conseguir alcançar um lugar no top 10.

“O percurso é muito rápido, o que favorece os mais pesados. Sendo muito plano, não tem zonas para descanso. Vai ser preciso gerir muito bem o esforço porque será necessário ter um ritmo bastante alto, mas sem que nos ‘afoguemos’. Esse será o segredo, gerir bem o esforço e aproveitar as curvas e viragens para ‘respirar’. Acho que tenho a possibilidade de fazer um bom resultado. Vou dar o meu melhor. Espero ter boas pernas para conseguir ficar nos dez primeiros, que é o meu objetivo”, destacou João Almeida em declarações à Federação Portuguesa de Ciclismo antes da prova que se realizava na cidade italiana de Trento.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Essa era também a meta nos Jogos Olímpicos, que tinham um percurso bem maior do que os 22,4km desta quinta-feira, mas o português acabou por não conseguir melhor do que um 16.º posto numa prova que teve apenas cinco não europeus nos 15 primeiros lugares (o australiano Rohan Dennis que ganhou a medalha de bronze, o colombiano Rigoberto Urán, o neozelandês Patrick Beven, o canadiano Hugo Houle e o sul-africano Stefan de Bod). Só por aí se percebia que a missão dos dois corredores nacionais não seria fácil mas com a certeza de que João Almeida, que após a presença em Tóquio ganhou a Volta à Polónia e ficou em 18.º no Tour da Alemanha, é sempre um dos elementos com potencial para surpreender os favoritos.

João Almeida 16.º e Nelson Oliveira 21.º no contra-relógio, Roglic campeão

Apesar de enfrentar um percurso sempre plano e que não beneficiava as suas características, o português cumpriu o seu objetivo e acabou no top 10, assegurando a décima posição depois de uma grande quebra do esloveno Tadej Pogacar, vencedor das últimas duas edições do Tour, após o ponto intermédio. Stefan Küng, de forma algo surpreendente, conseguiu mesmo revalidar o título à frente de Filippo Ganna e Remco Evenepoel. Já Rafael Reis, o outro português em prova, acabou na 14.ª posição, mais um excelente resultado que confirmou o bom momento que atravessa depois do destaque que conseguiu durante a Volta a Portugal. De acrescentar que o décimo lugar de Almeida foi o segundo melhor resultado de sempre de um corredor nacional na distância em Europeus, depois do quarto lugar de Nelson Oliveira em 2016.

Histórico: João Almeida continua a fazer o impensável e vence a Volta à Polónia

O helvético, que por ser o campeão em título foi o último a partir, passou no primeiro ponto intermédio a uma distância muito curta dos concorrentes mais diretos nesta prova e conseguiu ser mais forte na ponta final, acabando com o tempo de 24.29 com uma velocidade média de 54,86km/hora. O transalpino, que até pela técnica e pela compleição física que o favorecia no percurso era apontado como principal favorito, terminou a sete segundos, ao passo que o belga, companheiro de equipa de João Almeida na Deceuninck Quick-Step (neste caso até ao final da temporada) fechou o pódio a 14 segundos do vencedor.

O suíço Stefan Bissegger acabou na quarta posição (24.52), seguindo-se ainda no top 10 o alemão Maximilian Richard Walsheid (25.07), o italiano Edoardo Affini (25.08), o dinamarquês Kasper Asgreen (25.21), o polaco Maciej Bodnar (25.33) e o francês Rémi Cavagna, também ele companheiro de João Almeida (25.35). O melhor português em prova acabou com o tempo de 25.46, ao passo que Rafael Reis ficou com 26.03. Pelo meio, na 12.ª posição, acabou Tadej Pogacar, que quebrou a meio e acabou com o tempo de 25.50.