O Mediterrâneo é a segunda região do mundo mais afetada pelo impacto das alterações climáticas — logo a seguir à Antártida — segundo um estudo científico apresentado pelo secretário-geral adjunto da União para o Mediterrâneo (UpM).

Isidro González falava numa apresentação em Barcelona, do estudo “Os impactos socioeconómicos das alterações climáticas no Mediterrâneo”, impulsionado pela fundação Parceiros para a Investigação e Inovação na Área do Mediterrâneo (PRIMA, na sigla em inglês).

Citado pelo jornal El Español este domingo, o relatório analisa os diversos efeitos negativos que a as alterações climáticas têm tido na região.

Victoria Reyes-García, uma das autoras do estudo, apontou a importância de analisar as alterações climáticas com uma visão mais ampla e com uma perspetiva multidisciplinar. 

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“O Mediterrâneo tem sido palco da interação e evolução de várias civilizações, o que originou a atual biodiversidade da região”, afirmou.

Já Alain Safa, outro dos autores do estudo em causa, enumerou os impactos das alterações climáticas, em domínios como as águas, a agricultura e a alimentação. Segundo o investigador, “as mudanças climáticas estão a influenciar prejudicialmente — tanto na agricultura, como na pesca — os países da região Mediterrânea.”

De acordo com Safa, encontrar soluções para este crescente problema, “é de responsabilidade internacional, regional e coletiva.”

Porém, o desenvolvimento do estudo encontrou percalços. A investigadora da Universidade de Giessen, Elena Xoplaki, enumerou os vários desafios que os especialistas enfrentam ao tentarem analisar os impactos das mudanças climáticas. Xoplaki clama por uma melhor metodologia de análise de dados e aponta ainda a falta de “provas empíricas.”

Joan Subirats, professor catedrático de Ciência Política da Universidade Autónoma de Barcelona (UAB), também participou no estudo. “Apesar de estarmos perante um problema evidente, enfrentamos atualmente uma situação de paralisia na atuação”, concluiu.

Subirats, especialista em políticas públicas, sublinhou que não existe ainda um “consenso social” sobre a temática das alterações climáticas. Isto gera “uma grande discussão sobre os instrumentos que se devem utilizar para travá-las.”

Na região do Mediterrâneo, segundo aponta Subirats, citado pelo El Español, é complicado aplicar políticas de combate a esta situação, devido às inúmeras diferenças entre os territórios desta região, seja em termos socioeconómicos, como políticos.