Os funcionários do INEM não estão a ser testados regularmente à infeção por SARS-CoV-2, contrariando a norma 019/2020 da Direção-Geral da Saúde (DGS), denunciou Rui Lázaro, presidente do Sindicato dos Técnicos de Emergência Hospitalar, à Rádio Observador.

O que defendemos desde o início da pandemia é a necessidade de o INEM testar todos os profissionais de saúde, que prestam cuidados de saúde, com regularidade. Nunca o fez. E não o faz com os profissionais de saúde que têm a vacinação completa, nem com os que não têm. E segundo a norma da DGS isso é obrigatório de sete em sete dias”, afirmou Rui Lázaro.

Covid-19. “INEM não testa profissionais”, denuncia sindicato

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A norma da DGS determina que se devem realizar testes moleculares (PCR) ou testes rápidos de antigénio aos profissionais de saúde que prestam cuidados de saúde diretos e de maior risco de contágio em intervalos de sete a 14 dias. A responsabilidade dessa testagem é dos Serviços de Saúde e Segurança do Trabalho / Saúde Ocupacional (SST/SO), em articulação com o Grupo de Coordenação Local do Programa Nacional de Prevenção e Controlo de Infeções e das Resistências aos Antimicrobianos (GCL-PPCIRA).

O documento detalha que tudo deve ser “adequado ao contexto de cada serviço/instituição e de acordo com o nível de exposição dos profissionais” e remete para um anexo com um esquema sobre como deve funcionar a testagem: se um teste rápido de antigénio resultar negativo ou se a confirmação com PCR despistar uma infeção, o profissional de saúde volta a ser testado de acordo com a periodicidade estabelecida. Se o teste rápido resultar positivo e a infeção for confirmada com teste PCR, o profissional de saúde passa a seguir as regras de isolamento estabelecidas para a generalidade dos casos confirmados de infeção.

O problema, assegura o sindicalista, é que estas regras não estão a ser seguidas e que as equipas do INEM já contabilizam dois surtos nos últimos tempos.

Há uns dias, a ambulância de Portimão teve de fechar porque a equipa quase toda acabou por testar positivo. Há duas semanas, houve um surto numa formação que o INEM realizou no Norte, 12 pessoas que estiveram juntas durante duas semanas sem que o INEM tivesse feito qualquer tipo de teste”, exemplifica Rui Lázaro.

Segundo o sindicalista, há também cada vez mais problemas no transporte de doentes em ambulâncias: tornaram-se comuns as filas à porta dos hospitais e os doentes chegam a ter de esperar mais de duas horas para dar entrada nas unidades, sobretudo na zona da Grande Lisboa.

O Observador tentou contactar fonte oficial do INEM para reagir às acusações do Sindicato dos Técnicos de Emergência Hospitalar, mas ainda não obteve resposta. Como não terá obtido o próprio sindicato quando questionou as chefias sobre a falta de testagem entre os profissionais de saúde. Rui Lázaro garante que a denúncia seguirá também para o Ministério da Saúde e para a DGS.