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A coordenadora do BE acusou esta segunda-feira o Chega de “jogo sujo” ao tentar transformar “ataques racistas” no Porto num debate sobre imigração e realçou que é com a extrema-direita que o PSD/Madeira se quer coligar.

“A extrema-direita parlamentar e André Ventura estão a tentar transformar uma agressão racista num debate sobre imigração. É um jogo sujo, é um jogo cobarde, […] que usa a criminalidade social como uma desculpa e como uma justificação para ataques racistas, criminosos e que não têm desculpa”, afirmou Mariana Mortágua.

Discursando num jantar-comício, no Funchal, no âmbito jornadas parlamentares do BE, que tiveram esta segunda-feira início na região e terminam na terça-feira, a coordenadora bloquista voltou a abordar as agressões contra imigrantes que ocorreram no Porto, na madrugada de sexta-feira.

Grupo munido de bastões e facas agride imigrantes argelinos no Porto

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“A criminalidade social deve ser combatida, seja ela cometida por portugueses ou por imigrantes e isso não está em causa num Estado de direito. Todos temos o direito a viver em segurança, agora André Ventura [líder do Chega] não condena os crimes racistas e violentos porque o Chega os promove explicitamente com o seu discurso anti-imigração”, acusou.

E acrescentou: “André ventura não condena os crimes racistas porque é no Chega que se reveem os gangues criminosos de Mário Machado e são esses gangues que André ventura legitima e reivindica com o seu discurso anti-imigração”.

Mariana Mortágua reforçou que “a extrema-direita é violência, é ódio, é criminalidade” e salientou que “é com eles que o PSD/Madeira se quer coligar para se manter no poder” na região autónoma depois das eleições antecipadas de 26 de maio.

“Mas não é só isso, não é só com a extrema-direita que o PSD/Madeira se quer coligar para se manter no poder, é do PSD/Madeira que eles gostam mais. Porque agora bem podem dizer que não se dão com corruptos, mas toda a gente se lembra quando o Chega andava aos pulos para entrar no Governo Regional e para fazer uma coligação com o PSD/Madeira”, disse.

A coordenadora do BE apelou, perante as dezenas de militantes e apoiantes presentes no jantar, para não que “não se enganem”, sublinhando que “aqueles que incitam ao ódio aos imigrantes são exatamente os mesmos que protegem e que beneficiam dos interesses financeiros, dos interesses especulativos, dos interesses irresponsáveis que fazem baixar os salários e que fazem aumentar o preço das casas”.

“Aí a coligação funciona sempre, a direita entende-se sempre e o resto são joguinhos de poder. Quando é para proteger os joguinhos económicos a direita entende-se sempre”, insistiu Mariana Mortágua, contrapondo que o Bloco de Esquerda “tem outra fibra” e o “compromisso com a verdade, com a igualdade e com justiça”.

No seu discurso de cerca de 20 minutos, a coordenadora bloquista lembrou ainda que as jornadas parlamentares do BE centram-se nos temas da destruição ambiental, crise da habitação e corrupção, realçando que têm uma coisa em comum: “Miguel Albuquerque, o PSD/Madeira”.

“Todas elas estão baseadas numa mentira que foi dita aos madeirenses, aos porto-santenses, vezes e vezes sem conta, pela direita e não só, […] que diz que aquilo que é bom para meia dúzia de grupos económicos e interesses económicos é bom para o povo e é bom para a região”, acrescentou.

Mariana Mortágua deu como exemplo a construção de hotéis, os condomínios de luxo e afirmou que quem os constrói “não tem dinheiro para alugar um quarto”.

A bloquista voltou a enumerar as medidas do partido para combater a crise da habitação, como impor tetos às rendas, baixar os juros do crédito da habitação, alargar os prazos dos arrendamentos para cinco anos e a suspensão das licenças para hotéis.

No jantar-comício discursaram ainda a coordenadora do BE, Dina Letra, o deputado eleito à Assembleia Legislativa da Madeira e recandidato, Roberto Almada, e o deputado bloquista na Assembleia da República José Soeiro.