A Impresa, sociedade que detém a SIC e o Expresso, já notificou oficialmente a Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD) de violação de dados, confirmou esta autoridade ao Observador, e a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), como foi divulgado em comunicado, sobre o ataque informático que foi conhecido no domingo.

Até terça-feira, a Impresa ainda não tinha alertado a CNPD, mas, segundo revelou já esta quarta-feira a entidade que fiscaliza a proteção de dados, a notificação chegou entretanto.

Segundo o Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (RGPD), a partir do momento em que tem conhecimento e caso exista violação de dados pessoais, uma empresa tem um prazo de 72 horas para alertar as entidades competentes de cada estado-membro — neste caso é a CNPD.

Proteção de Dados ainda não recebeu notificação da Impresa que não revela se dados pessoais foram alvo

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Na terça-feira, esta entidade referia ao Observador que iria analisar “a bondade das medidas entretanto adotadas e a eventual necessidade de outras medidas” mal fosse notificada, não tendo adiantado esta quarta-feira mais informações além das que já tinha referido quanto aos procedimentos que se seguem.

Também esta quarta-feira a Impresa fez o seu primeiro comunicado ao mercado de capitais, através do site da CMVM (Comissão do Mercado de Valores Mobiliários). A Impresa informou, nesse comunicado, que “foi alvo de um ataque informático no domingo, dia 2 de janeiro, na sequência do qual os sites de informação do Jornal Expresso e dos canais de televisão SIC e SIC Notícias, bem como a plataforma Opto, ficaram temporariamente indisponíveis ao público”.

Além disso, a empresa de media fundada por Francisco Pinto Balsemão afirma que “desencadeou, imediatamente, em conjunto com uma equipa de especialistas, uma operação de avaliação do impacto potencial desse ataque ilegítimo e desencadeou ações preliminares de proteção e contenção e está a tomar as medidas necessárias para repor, o quanto antes, o normal e regular acesso aos conteúdos noticiosos do grupo, estando atualmente a trabalhar através de sites que funcionam de forma provisória, bem como das suas redes sociais”.

O Observador questionou a Impresa relativamente aos dados pessoais dos utilizadores que terão sido comprometidos, não tendo obtido resposta.

Ataque informático destruiu arquivos do Expresso e da SIC

O ataque à Impresa foi conhecido a 2 de janeiro e deixou inacessíveis os sites da empresa. O ato foi reinvindicado pelo grupo de hackers (piratas informáticos) do Lapsus$ Group, alegadamente o mesmo que, no passado, atacou páginas do governo do Brasil e empresas com presença mundial.

Além de terem fechado o acesso às principais páginas online do grupo, os atacantes enviaram emails em massa e SMS para os subscritores de serviços da Impresa.

Subscritores da plataforma Opto, da SIC, receberam SMS no telemóvel enviada por hackers

Na terça-feira, o grupo de media criou páginas online temporárias para o Expresso e para a SIC Notícias, mantendo ainda inacessíveis sites como o da SIC e da Opto. Ao mesmo tempo, a Impresa tem atualizado as redes sociais das várias marcas e publicando também aí as notícias.

Num primeiro comunicado sobre o assunto, a Impresa disse estar a colaborar “com as autoridades competentes, nomeadamente com a Polícia Judiciária e com o Centro Nacional de Cibersegurança” para resolver a situação e encontrar os responsáveis pelo ataque, anunciando uma queixa-crime.