A nova série da Amazon Studios, “As We See It”, explora a diversidade, obstáculos e triunfos de pessoas no espectro do autismo de uma forma inovadora, disse à agência Lusa uma das protagonistas, Sue Ann Pien.

“A escrita é espetacular, os personagens foram desenhados de forma muito bonita“, afirmou a atriz, que se identifica como estando no espectro do autismo, tal como os outros protagonistas. “Percebi que isto era inovador, nunca tinha visto nada assim em televisão”.

Desenvolvida por Jason Katims, produtor que foi responsável por séries como “Parenthood” e “Friday Night Lights”, a série conta a história de um grupo de amigos no espectro do autismo e as suas jornadas rumo à independência, aceitação e vida adulta.

“Vi muito poucas séries que abordem o autismo”, disse o ator Albert Rutecki, sublinhando o caráter inovador de “As We See It”. “Há dez anos ou o fariam mal ou de forma limitada. Talvez fizessem um personagem, e sempre focando na forma como as pessoas reagem a ele”. Mostrar as coisas do ponto de vista da pessoa no espectro é o que a série faz de diferente.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Eu não sabia o que significava autismo quando recebi o diagnóstico em criança. Não se via nada disso na cultura pop, que é onde os miúdos vão buscar referências”, continuou Rutecki. “A série pode ajudar, de certa forma. Não contamos a história toda do autismo, isso é impossível, mas pode ajudar a mover as coisas na direção certa”.

O Serviço Nacional de Saúde define o autismo como uma condição do sistema nervoso central “que se caracteriza por dificuldades na comunicação e interação social e por comportamentos, interesses ou atividades repetitivos e estereotipados”.

Violet (Sue AnnPenn), Jack (RickGlassman) e Harrison (Albert Rutecki) mostram o quão diferentes pessoas no espectro do autismo podem ser, e como é difícil metê-las em ‘caixas’.

Enquanto Violet quer entrar no mundo dos encontros online e não percebe os riscos que pode correr, Jack enfrenta a doença terminal do pai e a realidade de que terá de se tornar independente. Harrison mostra o quão assustador o mundo físico pode ser para alguém que absorve o que o rodeia de forma diferente.

“Gostaria que as pessoas vissem que toda a gente passa por muito, com ou sem autismo. A diferença é como comunicamos e recebemos estas coisas“, disse Rick Glassman.

O ator acredita que “As We See It” pode levar a um melhor entendimento do quão diverso é o autismo e sublinhou a importância do riso, porque a série “é muito cómica” e “quando sentimos que podemos rir de alguma coisa, aceitamo-la melhor”, afirmou.

Sue Ann Penn disse que se identificou muito com a sua personagem, porque também ela está numa jornada pessoal de perceber onde se encaixa e com quem. 

“A representação foi sempre uma forma de esconder o meu autismo e agora este é um papel em que sou real e sem filtros”, afirmou. “O que aprendi enquanto crescia era que tinha de esconder estas coisas, porque, se não o fizesse, poderia estar em perigo”.

A atriz considerou que existem muitas noções erradas em torno do autismo e tem esperança que a série fomente maior “compaixão, aceitação e compreensão sobre as diferenças”.

Os três atores desenvolveram uma ligação especial entre si que transparece dentro e fora do ecrã. Uma “comunidade”, com um sentimento de pertença, descreveu Sue Ann Penn, que espera que após os oito episódios iniciais haja lugar a uma segunda temporada.

A série, que tem muitos momentos cómicos, conta ainda com Sosie Bacon (Mandy), Joe Mantegna (Lou) e Chris Pang (Van).

A estreia está marcada para 21 de janeiro no serviço de streaming Amazon Prime.