A ministra da Cultura, Graça Fonseca, lamentou esta quinta-feira a morte do professor e programador Gil Mendo (1946-2021), “figura que marcou a história da dança contemporânea em Portugal”, e cujo percurso ajudou a moldar muitas das instituições culturais.

O coreólogo, professor e programador da área da dança morreu na quarta-feira, em Lisboa, aos 76 anos, vítima de doença oncológica, disse esta quinta-feira à agência Lusa fonte da Escola Superior de Dança (ESD).

“De perfil discreto, atento e observador, devemos a Gil Mendo um cuidado permanente para com a dança portuguesa, tanto no seu ensino e estudo, como na programação e no desenho de políticas culturais”, recorda a governante, numa nota de pesar sobre uma figura importante no trabalho para a memória da dança.

Na ESD, instituição na qual foi professor durante mais de vinte anos, acompanhou gerações de bailarinos e coreógrafos, inscrevendo-os na prática pedagógica de repertório contemporâneo.

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Em 1990, participou na fundação do Fórum Dança,”momento central para a dança contemporânea e pioneiro na promoção da dança contemporânea”, através da formação profissional e artística, da investigação, da edição e da documentação, sublinha Graça Fonseca.

Fez parte da Comissão Instaladora do Instituto Português das Artes do Espetáculo (IPAE), antecessor da atual Direção-Geral das Artes, e foi, posteriormente, coordenador do seu Departamento de Dança, num momento central para a história das políticas culturais em Portugal.

No vasto percurso profissional de Gil Mendo, destaca ainda o seu trabalho enquanto programador de dança da Culturgest, “exemplo de acompanhamento dos artistas, tanto nacionais quanto internacionais”, e a participação em redes internacionais de artes do espetáculo, numa ação “fundamental na internacionalização e na defesa da criação artística em Portugal”.

“Gil Mendo foi um professor modelar, mas também um exemplo de generosidade e de uma vida dedicada a ajudar outros a fazer da dança um lugar de partilha. Pelo seu percurso, pelas suas qualidades pessoais e profissionais e pelo seu papel central no desenvolvimento da dança contemporânea portuguesa, como herdeiro e continuador de outros grandes nomes da cultura portuguesa, como Margarida Abreu, Anna Mascolo e Jorge Salavisa, a história da dança em Portugal não se pode escrever sem que o nome e a memória de Gil Mendo sejam celebrados”, compara Graça Fonseca.

Gil Mendo foi um dos membros fundadores da ESD, tendo sido presidente do Conselho Técnico-Científico, presidente do Conselho Pedagógico, presidente da Mesa da Assembleia de Representantes e coordenador do Curso de Licenciatura em Dança.

Gil Mendo Valente e Branco, nascido em 1946, em Oeiras, estudou no Centro de Estudos de Bailado do Instituto de Alta Cultura e no Benesh Institute of Choreology, em Londres.

Entre 1983 e 1989 foi vogal da Comissão Instaladora da Escola Superior de Dança, onde foi professor coordenador entre 1986 e 2014.

Entre 1990 e 1991 foi consultor para a dança do Comissariado Europália 91-Portugal e participou na organização de mostras de dança portuguesa em Madrid, Glasgow e Bona, tendo participado em conferências e júris internacionais.

Trabalhou como perito do Fundo Roberto Cimetta para a mobilidade de artistas e profissionais do Mediterrâneo, do qual também foi um dos fundadores.

Entre 1976 e 1986 foi professor e membro de várias comissões diretivas da Escola de Dança do Conservatório Nacional.