– E depois o jogo com a Itália…
– Ou com a Macedónia do Norte…

– A seguir uma final diante da Itália…
– Ou da Macedónia do Norte…

A bola sorri com Otávio e nós sorrimos todos com ele (a crónica do Portugal-Turquia)

Desde o sorteio do playoff de apuramento para o Mundial, no final de novembro, que o caminho C da nova forma competitiva era como se tivesse duas equipas apesar de todas as correções e acrescentos que Fernando Santos ia fazendo nas conferências. E desde aí que se falou de um de dois cenários possíveis que iriam sempre acontecer, entre a ausência de Cristiano Ronaldo e novo falhanço de um dos dois antigos campeões do mundo que ainda não tinham garantido a qualificação (o outro é o Uruguai). No entanto, como estava ali à frente de todos, havia um jogo das meias-finais para ser disputado antes que, no caso da Itália como de Portugal, tinha o condão de envolver mais aspetos a perder do que a ganhar – que no fundo era uma “obrigação”. E era nesse contexto que chegava esta quinta-feira o encontro em Palermo com casa cheia.

Buffon chorou, pediu desculpa e disse adeus. Mas antes deixou (mais) dois grandes exemplos

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“Partimos todos em condições iguais, não há equipas favoritas. Tudo pode acontecer nos 90 minutos. Os rapazes conhecem-se bem e sabem o que têm de fazer. Só precisam de se concentrar e jogar um bom futebol. É inútil pensar que falhámos a qualificação para o último Mundial, só temos que estar focados. Sabemos jogar bom futebol, temos a mentalidade certa e só precisamos de estar focados no que temos que fazer em campo. A Macedónia do Norte defende bem e tem qualidades técnicas importantes mas estamos preparados para resolver o jogo nos 90 minutos ou se necessário dos penáltis”, referira Roberto Mancini antes do jogo.

No final, a taça fugiu de casa e foi para Roma. E debaixo do braço de Bonucci (a crónica da final do Euro 2020)

O selecionador que goza de um imenso capital no futebol transalpino depois da vitória no Campeonato da Europa do ano passado, algo que nem a derrota com a Espanha na Final Four da Liga das Nações beliscou, já tinha ido mais longe na confiança, dizendo que “a Itália vai qualificar-se para o Mundial e para ganhar”. E as palavras têm impacto como nunca junto dos adeptos italianos, que ganharam uma nova esperança depois do triunfo em Wembley com a Inglaterra no seguimento de uma grande campanha em todo o Europeu. Ainda assim, o outro lado da moeda era pesado. Se esse triunfo foi importante para dar um novo fôlego à squadra azzurra, uma derrota traria de volta todos os pesadelos criados pela não qualificação para o Campeonato do Mundo de 2018, após uma derrota e um nulo com a Suécia no playoff final de apuramento.

As lágrimas dos “gemelli del gol”: há um ano, Mancini chorava por Vialli; hoje, choram como campeões da Europa

Com a referência Federico Chiesa ainda de fora após contrair uma grave lesão no joelho, Mancini tinha vários problemas na defesa, não contando também por questões físicas com a defesa que foi campeã europeia com Di Lorenzo, Bonucci, Chiellini e Spinazzola. Todos de fora. No entanto, o problema não foi por aí e o total eclipse do ataque transalpino começou a desenhar um quadro acabado de pintar por Trajkovski. Transpondo a célebre expressão do Maracanazo que ficou da final do Mundial entre Brasil e Uruguai, houve um Palermanazo inacreditável definido por um avançado que chegou quatro anos no Palermo e que fez outro feito histórico: nunca os transalpinos tinham perdido um jogo em casa da qualificação para o Mundial…

A primeira parte teve a tendência que se esperava… ao quadrado: a Itália com muito mais bola, a jogar quase sempre no meio-campo contrário, a rematar muito, a colocar a Macedónia do Norte praticamente sem saída em transições. No entanto, as principais oportunidades acabaram por surgir não em jogadas construídas pelos italianos mas em zonas de pressão mais altas que tiveram resultados práticos numa recuperação de Berardi após mau passe do guarda-redes Dimitrievski que foi ainda a tempo de fazer a defesa e num remate de Immobile que saiu ligeiramente ao lado após uma perda da defesa contrária. Os visitantes só raras vezes conseguiram “congelar” jogo em posse mas conseguiram ainda assim aguentar o nulo ao intervalo.

Nada mudou após o reatamento mas aos poucos a Macedónia do Norte foi chegando um pouco mais à frente, sem remates de perigo (entre os poucos que fez) mas a jogar alguns metros mais à frente. E voltou a atirar, a cruzar, a tentar de tudo. No entanto, o tudo não chegou. Aliás, nem para marcar nem para evitar sofrer com Trajkovski, no segundo remate enquadrado da Macedónia do Norte, a marcar o 1-0 nos descontos na sequência de um erro de Jorginho que ficou a protestar mão antes do momento que afastou a campeã europeia do Mundial. E a noite foi de tal forma má para a Itália que, no quinto minuto de descontos e no 32.º remate da noite além dos 16 cantos, o remate de Florenzi desviou em João Pedro Galvão e rasou o poste…